Ciência
27/03/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 03/04/2024 às 10:41
O Louvre acaba de concluir a restauração do retrato que teria convencido Henrique VIII a se casar com Ana de Cleves, e agora podemos finalmente vislumbrar a beleza que tanto encantou o rei inglês há quase 500 anos. Essa jornada de restauração nos leva a uma viagem fascinante pela história e pela arte, revelando não apenas a aparência real da rainha Ana, mas também os complexos jogos políticos e sociais da corte Tudor.
Quando nos deparamos com o retrato restaurado de Ana de Cleves, somos imediatamente transportados para o mundo do século XVI, onde as alianças matrimoniais eram forjadas com base em política e poder, em vez de amor romântico. O que torna esse retrato tão especial não é apenas sua beleza estética, mas sim o papel que desempenhou na história da monarquia inglesa.
Nascida em 1515 em uma família nobre alemã, Ana de Cleves cresceu em meio a negociações políticas e alianças estratégicas. Enviada para a Inglaterra como potencial noiva do rei Henrique VIII, Ana foi retratada pelo renomado pintor Hans Holbein, cuja habilidade em capturar a essência de seus modelos é verdadeiramente magistral.
Ao ver o retrato de Ana de Cleves, segundo alguns relatos, Henrique VIII ficou encantado, seduzido pela imagem de uma jovem nobre adornada com um vestido vermelho e dourado, cujos olhos castanhos pareciam observá-lo com inocência e doçura.
No entanto, a realidade desse encontro foi muito diferente, em nada parecendo com os contos de fada que vemos por aí, onde tudo acaba em um belo casamento real cheio de amor e paixão.
Quando Ana chegou à Inglaterra e encontrou Henrique pessoalmente, o encantamento se dissipou rapidamente. O rei, decepcionado com a disparidade entre a imagem idealizada e a realidade, declarou sua famosa frase: "Eu não gosto dela!".
Apesar dessa decepção inicial, o casamento entre Henrique VIII e Ana de Cleves foi consumado por motivos políticos, resultando em uma união breve e infeliz. Contudo, Ana não desapareceu na obscuridade da história; ao contrário, ela encontrou uma posição distinta como a "irmã do rei", recebendo uma generosa pensão e propriedades após a anulação de seu casamento com Henrique.
A recente restauração do retrato de Ana de Cleves nos oferece uma visão mais clara não apenas da aparência da rainha.
O excelente trabalho dos restauradores revelaram uma cor azul ao fundo que realçou as joias douradas da jovem, além de deixar o belo e elegante vestido vermelho de Ana mais vibrante. Com essa nova "cara", fica mais plausível entender o porquê do rei Henrique VIII ter se afeiçoado a Ana e assim preferir se casar com ela.
Outro ponto interessante nessa restauração é que o Louvre permitiu que ela fosse mais completa, ou seja, que os restauradores pudessem fazer mais intervenções técnicas para revelar detalhes da obra. Algo nesse estilo era difícil, pois o museu sempre foi conhecido por preferir restaurações mais conservadoras, o que podia não trazer toda a beleza e originalidade do quadro.
Ao examinarmos cada detalhe do retrato, podemos apreciar não apenas a habilidade técnica de Holbein, mas também as complexidades das relações políticas e sociais da época.