Ciência
08/06/2024 às 12:00•3 min de leituraAtualizado em 08/06/2024 às 12:00
Atualmente, estrelas de cinema são conhecidas mundialmente e aparecem com frequência em filmes, séries, comerciais e outros produtos culturais. A elite dessas celebridades é rodeada de glamour, bem-sucedida financeiramente e com uma carreira sólida.
Só que a vida desses astros nem sempre foi assim. Na verdade, no início da indústria cinematográfica, os estúdios faziam de tudo para esconder até mesmo o nome dos integrantes do elenco. Até que uma mulher chamada Florence Lawrence fez todo o setor mudar as próprias regras.
Essa atriz, que apareceu em cerca de 300 filmes ao longo de 30 anos, é considerada a primeira grande referência creditada no cinema. O seu nome, porém, parece cada vez mais apagado do setor que ela ajudou a construir.
Florence Lawrence nasceu em 1886 em Hamilton, na província canadense de Ontario. A mãe era Charlotte Bridgwood, uma renomada atriz de teatro que levava a filha em turnês — o que fez com que a jovem Florence estreasse nos palcos aos três anos.
Em 1906, Florence virou atriz contratada do estúdio Vitagraph Company e atuou em seus primeiros filmes. Todos eram mudos, em preto e branco e com poucos minutos de duração, como era o formato da época.
Mais de um ano depois, ela foi contratada pela Biograph Studios, uma empresa de maior renome. Lá, ela estrelou filmes dos mais variados gêneros, de histórias de gângsters a comédias, sempre como a atriz mais notada pelo público e pela crítica.
Porém, ninguém a conhecia pelo nome, algo que era comum aos atores e atrizes naquele período do cinema mudo. Como o estúdio não promovia o elenco dessa forma, a imprensa passou a chamar Florence de "a Menina da Biograph" (the Biograph Girl).
No entanto, Florence e seu marido, o ator Harry Solter, reclamaram da política de anonimato e foram demitidos pela Biograph em 1910. Como resultado, a vida de ambos mudou radicalmente: o casal foi contratado por Carl Laemmle, um lendário produtor que mais tarde seria um dos nomes fortes da Universal Pictures.
Já famosa, ela participou de uma campanha de marketing peculiar e pioneira para promover seus filmes. Ela envolveu a sua "falsa morte" em um acidente de bonde, seguida de uma turnê de divulgação de filmes pelos EUA. Essa foi a primeira vez que um estúdio promoveu filmes não apenas pelas produções em si, mas pela protagonista.
Florence, Harry e outros intérpretes da época que também brigavam pela causa aos poucos foram conseguindo o que queriam. Eles ganharam espaço nos holofotes também da divulgação dos filmes, incluindo o nome divulgado em cartazes.
Em 1911, a atriz saiu do estúdio que a lançou ao estrelato e abriu a Victor Company com o marido, de quem se divorciaria cinco anos depois. O empreendimento começou bem, mas logo perdeu fôlego e virou apenas mais uma distribuidora da Universal.
A carreira de Florence entrou em declínio com o seu afastamento: na nova década de 1920, com dificuldades para retomar a carreira, ela chegou a trabalhar na empresa da mãe promovendo produtos.
Na busca por novas carreiras, a atriz foi até creditada pela invenção do “braço sinalizador”, um acessório mecânico de carros que fazia o papel da luz hoje conhecida como "pisca-pisca" ou "seta".
Já na era dos filmes falados, a atriz conseguiu pequenos papéis na MGM, mas não retomou o sucesso de antes. Florence passou os últimos anos com depressão e convivendo com uma doença óssea crônica de diagnóstico impreciso na época. Ela tirou a própria vida em 1938, aos 52 anos.