
Ciência
26/09/2017 às 06:01•2 min de leitura
O estado vegetativo, como você deve saber, é uma condição apresentada por pacientes que sofreram algum tipo de lesão cerebral grave e seus cérebros apresentam um mínimo de atividade. Não se trata de morte cerebral e, de modo geral, as pessoas em estado vegetativo são aquelas que retornaram de um coma, mas não respondem a estímulos nem apresentam qualquer tipo de reação ou resposta ao ambiente no qual se encontram.
De acordo com Dom Galeon, do site Futurism, a prática médica atual encara os indivíduos que se encontram nesse estado como casos praticamente impossíveis de reverter. Contudo, um novo estudo — realizado por pesquisadores do Institut des Sciences Cognitives (ISC) Marc Jeannerod, em Lyon, na França — pode representar uma nova esperança e mudar a forma como os especialistas tratam esses pacientes.
Segundo Dom, o estudo envolveu um rapaz de 35 anos de idade que sofreu um grave acidente de carro há 15 anos e se encontrava em estado vegetativo desde então. Os cientistas selecionaram um caso especialmente complicado para conduzir a pesquisa, considerando que o paciente estava nesse estado persistente há muito tempo e, portanto, sua situação era tida como irreversível.
Feito inédito (New Scientist)
Os especialistas conseguiram restaurar sinais de consciência no homem a partir de uma terapia conhecida como “estimulação do nervo vago” que, normalmente, é aplicada para evitar convulsões em pessoas com epilepsia e tratar casos de depressão. Essa técnica consiste em enviar pulsos elétricos de baixa intensidade em intervalos regulares ao cérebro através do nervo vago — a estrutura que conecta o cérebro a várias partes do corpo e que é responsável por manter diversas funções corporais em funcionamento, incluindo o estado de vigilância.
Durante os experimentos, os pesquisadores instalaram um dispositivo para estimular o nervo vago no tórax do paciente e, após apenas um mês de tratamento, o homem começou a mostrar sinais de consciência. Segundo os cientistas, o rapaz começou a responder a comandos simples — como acompanhar o movimento de objetos com os olhos e mover a cabeça ao ser chamado por alguém.
Além disso, o paciente apresentou melhora no limiar de atenção, passando a permanecer alerta durante as leituras feitas por seu terapeuta. Ademais, os pesquisadores detectaram progresso na capacidade do rapaz de perceber e reagir a ameaças — um exemplo foi que o homem passou a mostrar surpresa quando o rosto de alguém se aproximava do seu.
De acordo com Dom, o paciente foi submetido a diversos exames, e os resultados apontaram uma melhoria na atividade cerebral, incluindo em áreas envolvidas no processamento de sensações, movimento e consciência. Ademais, os testes revelaram um aumento na atividade metabólica nas regiões corticais e subcorticais do cérebro, indicando um melhoramento na conectividade funcional neural.
Atividade cerebral antes e depois da terapia (Futurism/Corazzol et al.)
Antes da terapia, o paciente não tinha nenhuma dessas respostas e, basicamente, os pesquisadores franceses conseguiram restaurar sinais de consciência em um indivíduo diagnostica com estado vegetativo persistente — algo que, até então, era considerado impossível de se fazer.