Estilo de vida
20/10/2020 às 04:00•2 min de leitura
Uma pesquisa publicada na quarta-feira (14) na revista Science Advances confirmou uma “sabedoria” do tempo dos nossos avós: crianças criadas em ambientes urbanos podem se tornar mais saudáveis ao brincar ao ar livre e na terra. Conforme o estudo, sair do cimento para um chão de floresta é capaz de melhorar o sistema imunológico dos baixinhos e baixinhas em apenas um mês.
A pesquisa foi realizada pela Universidade de Helsinque em duas cidades da Finlândia: Lahti e Tampere. Trabalhando com uma população de 75 crianças de dez creches, com idades entre três e cinco anos, os autores observaram de que forma uma mudança no local de brincadeiras foi capaz de alterar a pele e a microbiota intestinal, como marcadores imunológicos no sangue dos participantes.
O estudo partiu do princípio de que, no mundo ocidental, vem ocorrendo um aumento generalizado das doenças autoimunes, aquelas nas quais o corpo ataca a si mesmo por engano. Essa doenças incluem asma, eczema, diabetes tipo 1, doença inflamatória intestinal e esclerose múltipla.
Uma das explicações possíveis para essa tendência, conhecida como hipótese da higiene, afirma que as crianças estão sendo expostas a muito menos micróbios atualmente do que no passado. Isso significa que seus sistemas imunes são menos desafiados e, portanto, mais suscetíveis a cometer erros.
Quatro das dez creches selecionadas receberam uma reforma completa, que trocou seus playgrounds pavimentados por pisos de grama natural, arbustos anões, mirtilos e musgos. As crianças passavam em média 90 minutos por dia ao ar livre, e eram incentivadas a brincar na terra com as plantas, o que foi muito fácil, segundo o autor do projeto Aki Sinkkonen, porque a área verde “era o lugar mais emocionante do pátio”.
O pesquisador destaca que o custo da instalação de cada parque verde ficou em torno de 5 mil euros (R$ 33 mil), que é um valor inferior à manutenção anual dos playgrounds tradicionais.
Após 28 dias do experimento, os testes revelaram que a diversidade de micróbios na pele das crianças era um terço maior do que naquelas que continuaram brincando em pátios pavimentados. A microbiota intestinal também teve um incremento significativo.
Os exames de sangue mostraram alterações benéficas em uma série de proteínas e células ligadas ao sistema imunológico, incluindo citocinas anti-inflamatórias e células T reguladoras.