Ciência
23/03/2021 às 04:00•3 min de leitura
O que é procrastinação? Você certamente já ouviu falar sobre essa palavra. Ou pior, já sofreu com essa palavra. Deixar de lado uma tarefa que deveria estar na sua lista de prioridades para fazer qualquer outra coisa – até lavar a louça ou limpar o quarto – não é algo incomum, e as causas disso vão muito além da preguiça.
A palavra deriva do verbo em latim procrastinare, que significa “deixar para lá até amanhã”, e também da palavra grega akrasia, “fazer algo contra nosso melhor julgamento”. Ou seja, a percepção sobre o que é procrastinação vai muito além de ir deixando alguma tarefa para mais tarde: é causar um mal a si mesmo.
Para o Dr. Joseph R. Ferrari, professor de psicologia na Universidade de DePaul, procrastinar é quando alguém, intencionalmente, atrasa o começo ou a continuidade de uma tarefa ao ponto de se sentir desconfortável, ansioso e arrependido.
Em resumo, aquela premissa de que a procrastinação é coisa de gente preguiçosa deve ser evitada. Muitas vezes ela está relacionada com fatores causados por emoções como ansiedade, frustração, insegurança, ressentimento, etc.
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É por isso que quando se está em um dia ruim, coisas que pareceram simples no dia anterior, como executar tarefas corriqueiras no trabalho ou estudar, se tornam atividades complexas, como se você fosse incapaz de terminar o que precisa fazer.
Segundo a Dr. Fuschia Sirois, em um estudo publicado com o Dr. Tim Pychyl em 2013, a procrastinação está mais ligada à tentativa imediata de controlar as emoções negativas, ou, ao menos, fingir que elas não existem por um momento, do que terminar as tarefas.
Então, parece que um ciclo vicioso é criado: quanto mais tempo é gasto procrastinando, mais intensas são as emoções negativas e o sentimento de que “não vai dar tempo”.
A grande culpa pela procrastinação é, na verdade, a própria evolução dos seres humanos. Isso porque é intrínseco a natureza humana a necessidade de pensar nos problemas do presente, mesmo sabendo que a probabilidade de, no futuro, aquela tarefa específica causar ainda mais dor de cabeça seja iminente.
Se levarmos em conta a teoria behaviorista, que propõe que quando somos recompensados por algo, tendemos a fazer novamente, aquele alívio momentâneo que é sentido quando uma tarefa é procrastinada torna o ciclo vicioso.
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De acordo com a Dr. Sirois, a chamada “procrastinação crônica” possui efeitos considerados destrutivos na saúde mental de um indivíduo. Estresse crônico, baixa satisfação e sintomas da ansiedade e da depressão são alguns dos efeitos do hábito a longo prazo.
Segundo estudos, cerca de 20% da população mundial, independentemente da cultura, é procrastinadora crônica. São pessoas que possuem essa tendência em todas as áreas da vida, como no trabalho, na vida pessoal, financeira e até mesmo pessoal.
Se uma dessas coisas acontece com você com frequência é melhor ficar de olho:
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A procrastinação crônica é um problema que ainda precisa de muitos estudos, mas já provou consistentemente que a gravidade do assunto pode causar divórcios, demissões em empregos, graves problemas financeiros e problemas de autoestima.
A resposta para essa pergunta é mais complexa de se responder do que parece e, ao contrário do que muitos pensam, vai muito além de lidar melhor com o tempo. Os estudiosos dão algumas dicas do que fazer:
Pode parecer simples, e até bobo, mas segundo estudos publicados em 2010, estudantes que procrastinaram na preparação para uma prova e se perdoaram ao invés de se martirizar foram capazes de ter um desempenho melhor na preparação para uma segunda prova.
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A produtividade aumenta porque um indivíduo que supera o seu comportamento ruim é capaz de se concentrar na tarefa posterior sem o peso da culpa que o fez ir mal em uma prova anteriormente.
Mudar as circunstâncias é mais fácil do que mudar nós mesmos, segundo Gretchen Rubin, autora de livros sobre procrastinação. Por isso, colocar obstáculos entre os métodos usados para desviar a atenção da tarefa principal é uma ótima maneira de procrastinar menos.
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Por exemplo, se você tem a tendência de olhar as redes sociais, experimente apagar os aplicativos do seu telefone ou então colocar uma senha complexa no aparelho. Assim, toda vez que sentir vontade de desviar o foco da sua atividade principal, terá um entrave que dificultará isso.
Tente focar no que você fará em seguida. De acordo com o Dr. Pychyl, isso ajuda a acalmar os nervos. Quando pensar na próxima ação como uma mera possibilidade, não espere: execute-a.
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Quantas vezes você ficou horas procrastinando um texto que deveria escrever, por exemplo, mas, assim que sentou e começou a de fato escrevê-lo, conseguiu terminá-lo rapidamente?
A motivação segue a ação. Portanto, é provável que, uma vez que começar a tarefa, a motivação para a concluir torne o trabalho mais fácil do que aparenta.