Ciência
04/12/2021 às 13:00•2 min de leitura
Uma nova descoberta revelada por cientistas do Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhague, anunciou que galáxias primitivas podem estar escondidas por trás de poeira cósmica. Segundo o artigo publicado na revista científica Nature, grandes sistemas gravitacionais que estavam invisíveis a bilhões de anos-luz estão começando a reaparecer, indicando que o universo é muito maior e mais povoado do que se imaginava.
A pesquisa foi possível graças ao suporte dos radiotelescópios Atacama Large Millimeter Array (ALMA), localizados no deserto do Atacama, no Chile, que utilizaram um conjunto de 66 antenas — com mais da metade tendo 12 metros de diâmetro — para capturar ondas de rádio emitidas das profundezas mais longínquas e escuras do espaço. Com isso, os astrônomos encontraram duas galáxias ocultas, intituladas REBELS-12-2 e REBELS-29-2, que viajaram por cerca de 13 bilhões de anos-luz para se tornarem visíveis.
(Fonte: Cosmic Dawn Center/Reprodução)
“Estávamos olhando uma amostra de galáxias muito distantes, que já sabíamos que existiam de acordo com o Telescópio Espacial Hubble. E então percebemos que duas delas tinham um vizinho que não esperávamos que estivesse lá. Como essas duas galáxias vizinhas estão rodeadas por poeira, parte de sua luz é bloqueada, tornando-as invisíveis para o Hubble”, explica Pascal Oesch, professor associado do Cosmic Dawn Center, da Universidade de Copenhague.
As galáxias, que agora estão localizadas a 29 bilhões de anos-luz de distância devido à expansão do Universo, apontam não somente para um universo primitivo significativamente maior, mas para a eficácia na observação realizada pela rede de telescópios ALMA, que conseguiu estimar entre 10% e 20% de sistemas de estrelas ainda escondidos por trás da poeira.
“Nossa descoberta demonstra que até 1 em cada 5 das primeiras galáxias pode ter desaparecido de nosso mapa do céu. Antes de começarmos a entender quando e como as galáxias se formaram no Universo, precisamos de uma contabilidade adequada”, diz Oesch.
(Fonte: Shutterstock)
Enquanto os resultados ainda seguem inconclusivos e há muito a ser explorado para além da atmosfera terrestre, a NASA anunciou uma colaboração com a Agência Espacial Europeia (ESA) e com a Agência Espacial Canadense para iniciar o plano de construção e lançamento do Telescópio Espacial James Webb, um forte equipamento capaz de enxergar através da poeira cósmica e previsto para ser liberado à órbita em 18 de dezembro.
“O próximo passo é identificar as galáxias que esquecemos, porque há muito mais do que pensávamos. É aí que o telescópio James Webb será um grande passo. Será muito mais sensível do que o Hubble e capaz de investigar comprimentos de onda mais longos, o que deve nos permitir ver essas galáxias ocultas com facilidade”, conclui Oesch. “Estamos tentando montar o grande quebra-cabeça sobre a formação do Universo e responder à pergunta mais básica: 'De onde vem tudo isso?' As galáxias invisíveis que descobrimos no início do Universo são alguns dos primeiros blocos de construção das galáxias maduras que vemos ao nosso redor hoje.”