Ciência
11/01/2022 às 07:30•2 min de leitura
Conservacionistas do Leicestershire and Rutland Wildlife Trust, reservatório localizado a cerca de 50 km da costa britânica, relataram ter encontrado um fóssil inédito na história da paleontologia local. Segundo os pesquisadores, restos de um ictiossauro de 180 milhões de anos estavam perfeitamente distribuídos na zona litorânea de Midlands, detendo aproximadamente 10 metros de comprimento e mantendo propriedades físicas bem preservadas para um registro documental da categoria.
Extintos há quase 90 milhões de anos, os ictiossauros, popularmente conhecidos como “dragões-marinhos” por conta de seu tamanho e das dimensões de olhos e dentes, eram predadores do Triássico que se caracterizavam por terem sangue quente. Com um design corporal semelhante ao dos golfinhos, eles atingiam até 25 metros de comprimento e caçavam em águas turvas e profundas, dominando o ecossistema em que viviam como um dos maiores répteis já documentados.
Agora, o novo achado apresenta mais detalhes relevantes sobre o animal, principalmente por conta do surpreendente estado de conservação que o fóssil de Midlands apresentou. Inicialmente identificado em fevereiro de 2021 durante uma drenagem de rotina no Rutland Wildlife Trust pelo cientista Joe Davis, o espécime foi completamente escavado entre agosto e setembro do mesmo ano e anunciou não apenas a maior descoberta do tipo no Reino Unido, mas também a mais completa em relação ao conjunto do esqueleto.
(Fonte: Matthew Power Photography/Reprodução)
“Eu olhei para o que pareciam ser pedras ou cristas na lama e disse que isso parecia um pouco orgânico, um pouco diferente”, disse Davis, em entrevista à BBC News. “Então vimos algo que parecia quase uma mandíbula. Liguei para o conselho municipal e disse que acho que encontrei um dinossauro.” Foi então que o órgão do distrito enviou uma equipe de paleontólogos para o reservatório para observar de perto a “fascinante descoberta”.
Há 200 milhões de anos, Rutland era coberta por um oceano raso, mas a distância de quase 50 quilômetros das costas de Dorset ou de Yorkshire, por exemplo, permitiu que o local não sofresse com o mesmo processo erosivo que foi registrado nas regiões de penhascos. Assim, o processo de redução nos níveis da água no interior ocorreu de forma lenta e revelou apenas recentemente alguns dos mistérios ocultos no território remoto.
(Fonte: Anglian Water/Reprodução)
“Não é sempre que você é responsável por levantar com segurança um fóssil muito importante, mas muito frágil, e que pesa tanto”, disse Nigel Larkin, conservador paleontológico e pesquisador visitante da Reading University. “É uma responsabilidade, mas adoro desafios.”
O crânio do dragão-marinho foi removido junto a um grande bloco de argila de quase uma tonelada de peso, sendo coberto com gesso e posteriormente posicionado em talas de madeira para o transporte adequado. Agora, o objeto fossilizado será estudado e poderá permanecer na área para ser apreciado por turistas, caso o reservatório consiga financiamento para transformar o local em ponto de visitação.