Artes/cultura
30/08/2022 às 06:30•2 min de leitura
Durante o final de agosto e início de setembro qualquer um pode se sentir um explorador das profundezas do oceano. Para isso, basta acompanhar as transmissões ao vivo da terceira expedição Voyager to the Ridge 2022 no canal do YouTube da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos. A expedição busca coletar informações sobre águas profundas que permanecem inexploradas na área conhecida como Dorsal do Atlântico Norte.
Essa área, também conhecida como Dorsal Mesoatlântica (DMA), se estende por 16 mil quilômetros, o que faz dela a cadeia de montanhas mais longa do mundo. Em seus pontos mais elevados, a DMA forma ilhas, porém, a maior parte da sua extensão fica debaixo d’água e permanece inexplorada até hoje.
As dorsais oceânicas se formam a partir do afastamento de placas tectônicas, por isso, são palcos de frequentes terremotos. Além disso, nas suas regiões centrais, conhecidas como fendas, pode haver lava como nos vulcões. Isso faz com que esse ambiente seja o ideal para diversas formas de vida que precisam de calor para surgir. São essas vidas que os pesquisadores do NOAA buscam compreender melhor.
Para chegar a locais tão profundos, os mergulhos são realizados com veículos operados remotamente conhecidos como ROV (remotely operated vehicle). Esse tipo de veículo suporta profundidades que variam de 250 a 6 mil metros e está equipado com sensores e câmeras que gravam tudo o que encontram no fundo do oceano. O controle dos ROVs é realizado por pilotos em uma sala de controle do navio Okeanos Explorer pertencente à NOAA.
Esponja azul encontrada pelos pesquisadores. (Fonte: NOAA Ocean Exploration)
Em entrevista ao site Gizmodo, o oceanógrafo da NOAA Derek Sowers reafirmou a ideia de que não conhecemos muito bem os oceanos. Segundo o pesquisador, a maior parte do mar profundo ainda está inexplorada e nem mesmo temos mapeamento delas em uma resolução razoável. Para ele, as explorações do oceano merecem tanta empolgação quanto aquelas que revelam novidades sobre o cosmos, como as recentes imagens produzidas pelo telescópio James Webb.
Uma carambola-do-mar encontrada pela expedição. (Fonte: NOAA Ocean Exploration)
Dentre os resultados iniciais alcançados pelo projeto, estão dois corais e uma esponja que foram coletados para identificação, já que eram desconhecidos. Mas, além de novas espécies que podem ser descobertas, a expedição ainda pode revelar outras formas de vida interessantes.
Ao explorar uma das fontes hidrotermais localizadas na área, é possível que os pesquisadores encontrem formas de vida que não dependem da luz do Sol para viver. O mais interessante disso é que a compreensão sobre esse tipo de vida contribui para que nós entendamos melhor as condições que tornaram a vida na Terra possível.