Ciência
09/10/2022 às 07:00•2 min de leitura
Os bebês humanos chegam ao mundo totalmente dependentes de cuidadores que possam atender a todas as suas necessidades. Embora a maioria dos recém-nascidos de outras espécies de primatas também tenham necessidades muito parecidas, nós somos especialmente muito mais indefesos por termos cérebros comparativamente subdesenvolvidos nos primeiros meses de vida.
Para se ter ideia, estima-se que um feto humano teria que passar por uma gestação de 18 a 21 meses para nascer em um estágio de desenvolvimento neurológico e cognitivo comparável ao de um chimpanzé recém-nascido. Porém, o que faz com que os nossos filhos nasçam tão indefesos assim? Saiba o que a ciência tem a dizer sobre isso!
(Fonte: Pixabay)
Na visão de muitos antropólogos, o tamanho da pélvis feminina humana é um fator que limita bastante o tempo de uma geração na nossa espécie. No entanto, novos estudos que vêm surgindo passaram a desafiar essa visão. Segundo a explicação tradicional, tudo adaptou-se por conta da seleção natural.
Como os humanos se adaptaram para serem bípedes, existe uma vertente de pensamento de que a largura do canal do parto e, portanto, o tamanho do bebê que pode passar por ele, tiveram que ser restringidos. Sendo assim, os bebês humanos nascem quando seus cérebros têm menos de 30% do tamanho que terão quando adultos para que eles possam passar por esse estreito canal.
Então, eles continuam o desenvolvimento cerebral fora do útero, com o tamanho do cérebro dobrando no primeiro ano. Apesar desses palpites, estudos conduzidos pela Universidade de Rhode Island, e coordenadas por Holly Dunsworth, não encontraram nenhuma evidência necessária para apoiar essa teoria.
(Fonte: Pixabay)
Conforme relatado por Dunsworth, para acomodar um bebê em um estágio de desenvolvimento cerebral semelhante ao do chimpanzé — ou seja, um cérebro de 40% do tamanho do cérebro adulto — a entrada pélvica humana teria que se expandir só mais três centímetros, em média.
Esses são números que diversas mulheres já conseguem alcançar hoje sem sofrer qualquer limitação física. O argumento dos pesquisadores é de que, em vez de a expansão do cérebro fetal ser restringida pelas dimensões da pelve, na verdade, o corpo humano é quem teria se adaptado para acomodar os bebês. Dessa forma, esse fator teria mantido o tamanho do recém-nascido sob controle.
Desde a década de 1960, o zoólogo suíço Adolf Portman defende que o momento do nascimento humano pode ser uma chave crucial para o desenvolvimento neural cognitivo e motor dessas crianças. Por esse motivo, nascer mais cedo para os seres humanos nos permitiria absorver cada vez mais informações culturais e nos moldarmos dentro da nossa sociedade.
Logo, nascer mais cedo seria uma opção muito melhor para animais culturais, uma vez que teriam mais tempo para interpretarem o mundo no qual foram inseridos, absorver modos de interação com seus cuidadores e estar mais preparado para o futuro — embora isso reflita num maior tempo estando indefeso.