Ciência
06/11/2022 às 08:00•2 min de leitura
Novos estudos publicados pelo Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) indicam que as maçãs de supermercado podem ter mais de um ano. Apesar de serem comercializadas como alimentos frescos, as frutas passam longas estações armazenadas no frio e perdem algumas de suas principais propriedades, como a atividade antioxidante e o fornecimento de nutrientes.
Lauren Sucher, porta-voz da Food and Drug Administration, confirmou, em entrevista ao Today, que as maçãs nas prateleiras de mercados nem sempre são tão frescas quanto parecem. Por meio de temperaturas controladas e baixa umidade, esses itens de consumo podem ser armazenados por meses para garantir maior disponibilidade para vendas, bem como para evitar possíveis casos de apodrecimento e de perda de textura.
(Fonte: Getty Images)
“Para retardar as proverbiais areias do tempo, alguns distribuidores de frutas tratam suas caixas de maçã com um composto gasoso, o 1-metilciclopropeno”, afirma o USDA. “Ele estende a qualidade pós-armazenamento das frutas bloqueando o etileno, um gás incolor que regula naturalmente o amadurecimento e o envelhecimento.” Segundo a instituição, esse químico é o mesmo utilizado para reduzir o escurecimento da alface e o amargor das cenouras.
Vale lembrar que essa estratégia não é um conceito novo. Antes do 1-metilciclopropeno ser aplicado em larga escala, as maçãs armazenadas a baixas temperaturas eram pulverizadas com fungicida para evitar a podridão por meio de organismos do mofo. Hoje, a tática conhecida como “SmartFresh” se alia ao 1-MCP — e aos baixos níveis de oxigênio e altos níveis de dióxido de carbono — para permitir a propriedade comestível da maçã por mais de um ano.
(Fonte: Kyryl Gorlov/Getty Images)
Sendo bem direto, estender a vida das maçãs, segundo as técnicas atuais de preservação e refrigeração, é uma prática segura e não traz riscos ao consumidor primário. Porém, adquirir produtos do gênero em supermercados pode não ser a opção mais saudável, já que os polifenóis, um tipo de antioxidante que atua no combate ao câncer e na recuperação pós-treino — via redução da fadiga muscular —, podem desaparecer quase que completamente dentro do intervalo de um ano.
Segundo a nutricionista Madelyn Fernstrom, a quantidade de antioxidantes nas maçãs pode cair com o armazenamento prolongado, especialmente por essas substâncias serem encontradas na casca, não na polpa. Esse caso também pode ser estendido a outros tipos de vegetais e frutas: quanto menos frescos eles são, menos nutrientes eles têm.
Dessa forma, o recomendado é sempre buscar maçãs recém-colhidas, algo muito difícil de se identificar em supermercados. Assim, procurar agricultores locais, ficar atento à temporada das maçãs — no final de dezembro em regiões mais quentes e até o início de maio em regiões mais frias, no Brasil — e armazená-las na bancada em vez da geladeira, é a solução ideal para se consumir um produto rico em nutrientes e aproveitar ao máximo suas propriedades.