Artes/cultura
26/01/2023 às 13:00•2 min de leitura
Pesquisadores da Universidade McGill, Canadá, identificaram uma emissão de ondas de rádio com potencial para oferecer respostas sobre os segredos mais obscuros do universo. Localizado em uma galáxia remota a 8 bilhões de anos-luz, o sinal captado pelo Giant Metrewave Radio Telescope (GMRT), Índia, está sendo relacionado às origens do cosmos pelos estudiosos e supostamente data do primeiro terço de vida do conjunto de galáxias.
Para registrar o evento, pesquisadores utilizaram o espaço-tempo distorcido como uma lupa. Esse efeito, formalizado por Albert Einstein como lente gravitacional, se baseia na lei da relatividade geral e ocorre quando um objeto maciço fica entre os telescópios e a fonte geradora de energia. Nesse caso, o objeto de distorção espacial era a galáxia SDSSJ0826+5630, que usou um poderoso efeito de desvio gravitacional para direcionar um sinal de hidrogênio neutro em direção ao GMRT.
"Nesse caso específico, o sinal é distorcido pela presença de outro corpo massivo, outra galáxia, entre o alvo e o observador", disse o coautor do estudo Nirupam Roy, professor associado de física no Instituto Indiano de Ciências. "Isso resulta efetivamente na ampliação do sinal por um fator de 30, permitindo que o telescópio o capte."
Essa descoberta foi possível graças ao suporte de um conjunto de trinta radiotelescópios parabólicos totalmente orientáveis com 45 metros de diâmetro cada, capazes de detectar sinais de ondas em comprimentos de metros. Com o truque cósmico de Einstein, estudos no departamento designaram um novo recorde, visto que as ondas de hidrogênio neutro mais distantes já encontradas estavam localizadas em uma galáxia próxima, a cerca de 4,4 bilhões de anos-luz.
(Fonte: NASA / Reprodução)
Segundo Nirupam Roy, essa pesquisa pode ajudar a melhorar o mapeamento do universo ao longo de suas eras cosmológicas e a identificar o momento do nascimento das primeiras estrelas. Isso porque o hidrogênio neutro, elemento emitido por meio das ondas de sinais, é considerada a substância primordial, sendo formada a partir de um nevoeiro turbulento gerado pelos resquícios do Big Bang. Porém, eles se provaram de difícil detecção mesmo por aparelhos mais sofisticados.
Forjado há aproximadamente 400 mil anos depois do nascimento do universo, o hidrogênio neutro dominou toda a escuridão do espaço durante a chamada "idade das trevas". Esse período, caracterizado por intensas reuniões de prótons, elétrons e nêutrons, teria ocorrido antes do surgimento das primeiras estrelas e galáxias e marcaria o momento em que o aglomerado de galáxias e corpos celestes povoaria a imensidão do cosmos.
Porém, apesar desse processo ter escondido partículas de hidrogênio neutro, o elemento ainda pode ser formado com o surgimento de mais estrelas. Esse caminho ocorre devido à emissão de uma forte luz ultravioleta, retirando elétrons dos átomos e os forçando a ionizarem outros elementos para se recombinarem na substância gasosa. Assim, estima-se que um conhecimento mais aprofundado nesse departamento possa impulsionar aprendizados anteriores à existência de estrelas.
"Uma galáxia emite diferentes tipos de sinais de rádio", conclui o principal autor do estudo, Arnab Chakraborty. “Até agora, só foi possível capturar esse sinal específico de uma galáxia próxima, limitando nosso conhecimento às galáxias mais próximas da Terra”.