Estilo de vida
23/03/2023 às 02:00•2 min de leitura
Quando falamos do impacto da religião sobre o desenvolvimento científico na Idade Média, é comum que pensemos que todos os religiosos eram fanáticos que ignoravam o pensamento crítico. Isso não é verdade, pois grandes cientistas da história, como Roger Bacon, eram sacerdotes cristãos.
Isso significa que além de serem pessoas talentosas, eles eram corajosos, uma vez que precisavam desafiar a autoridade de seus superiores para conduzirem seus estudos — e tentarem deixar um legado de conhecimento para o mundo.
Roger Bacon (1214–1294), frade franciscano do século XIII, nascido na cidade inglesa de Ilchester, Somerset, alcançou esse feito, mas não sem pagar um preço alto por isso.
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No século XIII, os cientistas acreditavam que só um argumento lógico poderia ser verdadeiro. Essa premissa foi dada pelo filósofo grego Aristóteles. Séculos depois, quando os estudiosos foram tomando conhecimento dos escritos aristotélicos, eles tomaram esse argumento como verdade absoluta.
Bacon era um grande admirador de Aristóteles. Portanto, acreditava que se um argumento era lógico, ele só poderia estar correto. Contudo, ao aplicar esse conhecimento em suas experiências, elas tinham resultados negativos, fora do esperado.
Então, Roger Bacon percebeu que até mesmo um gênio como Aristóteles poderia errar — e isso o desapontou, pois se um argumento lógico levar ao erro, no que se deveria acreditar?
Foi aí que ele formulou um método para tentar encontrar a verdade. Esse método, apesar de datar do século XIII, continua muito atual e pode lhe ajudar a não cometer erros de julgamentos.
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Essas orientações são consideradas fundamentais para o que chamamos hoje de “método científico”, que incluem observar fenômenos, questioná-los, levantar hipóteses, fazer experiências e analisar resultados.
Apesar de Bacon não são ser considerado oficialmente o criador desse método, os cientistas concordam que sua crítica ao método usado na época foi fundamental para o desenvolvimento da ciência.
Roger Bacon se tornou frade franciscano e após ter estudado e lecionado em Oxford, ele decidiu dar aulas na Universidade de Paris. Alguns historiadores argumentam que ele teria sido preso por 10 anos após ser acusado de heresia. Ele dizia que o currículo escolar deveria ser revisado, defendia o estudo da alquimia e da astronomia, além de defender ideias aristotélicas que eram consideradas incompatíveis com o ensino da época.
A lista de feitos de Roger Bacon é gigantesca. Ele contribuiu para o estudo de fenômenos naturais, como o arco-íris, descreveu com precisão que a Via-Láctea era formada por um conjunto de estrelas e até previu a criação de máquinas modernas, como os carros.