Mistérios
12/11/2023 às 11:00•2 min de leitura
Pode ser uma surpresa para você, mas os girassóis são chamados assim justamente porque se movimentam ao passo que a Terra gira e o Sol se move no céu de leste a oeste. A mecânica por trás desse movimento é chamada de heliotropismo, mas permanece sendo um verdadeiro mistério para os biólogos vegetais.
Um estudo publicado na revista PLOS Biology tem descartado a possibilidade de que a capacidade de um girassol seguir o sol esteja relacionada a uma resposta à luz conhecida entre outras espécies de plantas. Na visão dos pesquisadores, a flor amarela provavelmente depende de vários outros processos mais complicados para rastrear a luz solar.
(Fonte: Getty Images)
Como as plantas estão enraizadas em um lugar, elas não podem se mover se a luz que precisam para produzir alimentos for bloqueada por um vizinho ou se estiverem posicionadas na sombra. Portanto, várias espécies dependem do crescimento ou alongamento para se moverem em direção à luz — e existem vários sistemas moleculares por trás disso.
A resposta mais conhecida na natureza chama-se resposta fototrópica, quando proteínas chamadas fototropinas detectam a luz azul caindo de forma desigual sobre uma muda e os hormônios de crescimento da planta são redistribuídos. Em última análise, isso faz com que elas se inclinem em direção à luz. Por conta disso, biólogos vegetais há muito tempo supõem que os girassóis usam o mesmo mecanismo para girar sobre seu eixo.
Para rastrear o sol, a cabeça do girassol inclina-se um pouco mais no lado leste do caule, o que faz com que ela se posicione na direção em que o sol nasce. Em seguida, essa cabeça muda para oeste à medida que o sol se move pelo céu. Estudos anteriores, no entanto, já mostraram que os girassóis possuem um relógio circadiano interno que antecipa o nascer do sol e coordena a abertura das florzinhas com a hora em que os insetos polinizadores chegam pela manhã.
(Fonte: Getty Images)
Para investigar como funciona a capacidade dos girassóis de rastrear o sol, pesquisadores cultivaram dois grupos de flores: um em laboratório e outro ao ar livre sob luz solar. A equipe de pesquisa procurou ver quais genes foram ativados quando ambos os conjuntos de plantas foram expostos às suas fontes de luz.
Girassóis internos cresceram diretamente em direção à fonte de luz azul do laboratório e ativaram os genes associados à fototropina. No entanto, as flores cultivadas ao ar livre, e que balançavam suas cabeças, tinham um padrão diferente de expressão genética. Esses girassóis também não apresentavam diferenças aparentes nas moléculas de fototropina entre um lado do caule e outro.
De acordo com os cientistas, o estudo mostra que existem diferentes caminhos respondendo a diferentes comprimentos de onda de luz para que os girassóis possam atingir o objetivo de seguir o sol. Os genes envolvidos no heliotropismo, no entanto, ainda não foram identificados. A fototropina foi descartada de uma vez por todas, visto que os girassóis cultivados no laboratório passaram a rastrear o sol no primeiro dia ao ar livre.