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16/12/2023 às 13:00•2 min de leitura
As escavações feitas em Pompeia, na Itália, continuam a revelar curiosidades a respeito da antiga cidade do Império Romano destruída após a erupção do vulcão Vesúvio em 1979. A mais recente delas é uma “padaria-prisão”, onde escravos eram obrigados a trabalhar em condições precárias.
O estabelecimento funcionava em um cômodo apertado, sem vista para a área externa, contando apenas com pequenas janelas no alto, cercadas por grades, que permitiam a entrada de luz. Detalhes sobre este espaço foram descritos em um artigo publicado dia 8 de dezembro no Diário Eletrônico das Escavações de Pompeia.
Conforme os arqueólogos que participaram do trabalho, a padaria usada como prisão para escravos na antiga cidade romana ficava em uma casa na área conhecida como Regio IX, que começou a ser escavada no início de 2023. O imóvel passava por reformas na época da catastrófica erupção vulcânica.
(Fonte: Sítio Arqueológico de Pompeia/Divulgação)
A casa era composta por uma área reservada à habitação, onde foram encontrados “afrescos refinados”, e outra destinada à panificação. Nesta última, os pesquisadores encontraram três esqueletos, confirmando a presença de pessoas escravizadas quando a cidade foi tomada pelo material lançado do Vesúvio.
De acordo com o estudo, a padaria-prisão de Pompeia também era ocupada por burros, que dividiam o espaço com homens e mulheres em situação de escravidão. Os animais movimentavam a pedra do moinho, auxiliando os escravizados em longas jornadas.
Além de forçar os animais a trabalhar, as pessoas escravizadas acumulavam as funções de movimentar a pedra, adicionar grãos, acompanhar a moagem e recolher a farinha. Parte desta estrutura ainda existe e ajudou os especialistas a identificar algumas etapas do processo.
(Fonte: Sítio Arqueológico de Pompeia/Divulgação)
Na porção sul da área de panificação se localiza a pedra do moinho, conectada a um estábulo com bebedouro. Os arqueólogos encontraram, ainda, diversas cavidades que possivelmente foram criadas para coordenar os movimentos de escravizados e burros.
Outro detalhe revelado pela equipe é que animais e humanos precisavam trabalhar em sincronia, devido ao tamanho minúsculo do local ao redor do equipamento de moagem, impedindo a passagem de ambos lado a lado. Acredita-se que a prisão tenha funcionado por anos, com base nos sinais de desgaste.
Em comunicado, o coautor da pesquisa, Gabriel Zuchtriegel, lembrou que condições de trabalho degradantes como a desta prisão transformada em moinho de grãos em Pompeia foram descritas no livro O Asno de Ouro, lançado pelo escritor Apuleio no século II. A obra narra a exploração de pessoas e animais nos moinhos da antiguidade.
“É o lado mais chocante da escravidão antiga, aquele desprovido de relações de confiança e de promessas de alforria, onde fomos reduzidos à violência bruta, impressão que é inteiramente confirmada pela fixação das poucas janelas com barras de ferro”, destacou o diretor do Sítio Arqueológico de Pompeia.