Estilo de vida
01/01/2024 às 06:30•2 min de leitura
Cientistas na China fizeram recentemente uma descoberta no coração da Terra: a cada 8 anos e meio, o núcleo interno do planeta oscila em torno do seu eixo de rotação. Essa mudança provavelmente é causada por um pequeno desalinhamento entre o núcleo interno e o manto terrestre — a camada abaixo da crosta terrestre —, de acordo com os investigadores.
O núcleo da Terra é dividido em um limite externo líquido e uma camada interna principalmente sólida, numa divisão que se inicia a 2,9 mil km abaixo da superfície. Essa região é parcialmente responsável por uma série de dinâmicas geofísicas do nosso planeta, desde a duração dos dias até o campo magnético do mundo que ajuda a proteger a humanidade dos raios nocivos emitidos pelo Sol.
(Fonte: GettyImages)
A recém-descoberta inclinação do núcleo da Terra poderia eventualmente levar a uma mudança na forma e no movimento do seu núcleo líquido. Por sua vez, isso causaria uma mudança potencial no campo magnético do planeta, é o que diz o estudo publicado na revista Nature Communications no dia 8 de dezembro.
Para compreender melhor o funcionamento interno desse núcleo, os investigadores geofísicos, analisaram o movimento do eixo de rotação da Terra em relação à sua crosta em 2019, também conhecido como rotação polar. Os cientistas liderados por Hao Ding, da Universidade de Wuhan, detectaram um ligeiro desvio no movimento polar que ocorre aproximadamente a cada 8 anos e meio. Esses dados indicam a presença potencial de uma "oscilação do núcleo interno".
Em seu último estudo, Ding e seus coautores confirmaram ainda mais este ciclo medindo pequenas mudanças na duração dos dias ao redor do mundo e comparando-as com as variações no movimento polar anteriormente identificadas. Os números sugerem que esta oscilação é provavelmente causada por uma inclinação de 0,17 graus entre o núcleo interno da Terra e o manto.
(Fonte: GettyImages)
Essa inclinação do planeta pode indicar que o hemisfério noroeste do núcleo interno pode ser ligeiramente mais denso que o resto desta camada. Logo, também existiria uma diferença de densidade entre o núcleo interno e externo da Terra. O novo estudo ajuda a discernir a diferença na composição entre o metal no núcleo interno sólido e no núcleo externo líquido, bem como estima a direção e a velocidade da oscilação do núcleo interno.
De acordo com os pesquisadores, os dados obtidos não fornecem qualquer vislumbre sobre algo que possa mudar o curso da humanidade, mas acrescenta novas informações para compreendermos o funcionamento do nosso planeta. Ao longo da pesquisa, a equipe de investigação também descartou influências atmosféricas, oceânicas e hidrológicas que pudessem ter causado o desvio no movimento polar e na oscilação do núcleo interno.
No futuro, essa descoberta poderá ajudar os investigadores a entender melhor a dinâmica entre o núcleo interno da Terra e os processos que impactam a humanidade, desde terremotos a mudanças no campo magnético.