Estilo de vida
08/02/2024 às 13:00•2 min de leitura
Uma equipe de três estudantes recentemente ganhou um prêmio de US$ 700 mil por usar Inteligência Artificial (IA) para ler passagens de um antigo pergaminho de papiro. O documento é apenas um dos mais de 800 pergaminhos conhecidos como "Papiros de Herculano", que foram carbonizados pela erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C.
Pesquisadores descobriram o tesouro de textos no século XVIII, mas as tentativas de lê-los foram inúteis até esse momento, uma vez que os desenrolar à mão os fazia despedaçar. A equipe vencedora do prêmio foi capaz de identificar mais de 2 mil letras gregas com sua técnica inovadora.
(Fonte: Desafio Vesúvio/Divulgação)
Para desvendar os textos antigos, o "Desafio Vesúvio" foi criado. A competição científica, lançada em 2023, juntou pesquisadores de todo o mundo batalhando para decifrar digitalizações de um dos pergaminhos encontrados na região sem nunca tocá-lo. “Tem sido uma jornada incrivelmente gratificante”, disse um dos vencedores, Youssef Nader, em entrevista ao The Guardian.
Segundo Nader, a adrenalina de descobrir novas informações serviu como combustível para o processo. Os pergaminhos foram descobertos em Herculano, uma antiga cidade romana destruída pela erupção do Vesúvio, numa vila que pode ter pertencido ao sogro de Júlio César. Ninguém tentou desenrolá-los fisicamente desde o século XIX, uma vez que os textos são a única biblioteca intacta conhecida no mundo clássico e também um depósito sem precedentes de conhecimento antigo.
O "Desafio Vesúvio" foi lançado pelo cientista da computação da Universidade de Kentucky Brent Seales e dois empresários, Nat Friedman e Daniel Gross, em março de 2023. No total, mais de US$ 1 milhão em prêmios em dinheiro estão sendo oferecidos para quem alcançar uma série de marcos usando visão computacional, máquinas de aprendizado e trabalho duro.
(Fonte: GettyImages)
Os organizadores do desafio divulgaram tomografias computadorizadas de alta resolução dos pergaminhos e explicaram as regras do concurso: para ganhar o grande prêmio de US$ 700 mil, os participantes precisariam decifrar pelo menos 85% de quatro passagens, cada uma das quais deveria ter pelo menos 140 caracteres. Uma série de prêmios menores também foram concedidos ao longo do ano.
A equipe vencedora foi composta por Nader, um estudante egípcio de doutorado na Alemanha; Julian Schilliger, estudante de robótica na Suíça; e Luke Farritor, estudante de ciência da computação nos Estados Unidos. Farritor também ganhou o prêmio de "primeiras letras", no valor de US$ 40 mil, quando decifrou a primeira palavra legível do pergaminho.
Os estudantes treinaram algoritmos de aprendizado para decifrar mais de 2 mil caracteres nos textos — mais do que o necessário para ganhar o prêmio. A equipe conseguiu decifrar 5% do texto total do pergaminho. Embora esse número não pareça muito, foi suficiente para dar a "primeira visão real do seu conteúdo".
De acordo com os pesquisadores, as passagens parecem ser de uma discussão filosófica sobre os prazeres da vida, incluindo música e comida. Os organizadores do concurso já estão pensando no futuro e planejam lançar o "Desafio Vesúvio 2" em 2024, premiando quem conseguir decifrar 90% dos quatro pergaminhos digitalizados.