Estilo de vida
11/09/2024 às 15:00•2 min de leituraAtualizado em 11/09/2024 às 15:00
Já vimos esse filme antes. Ou vários filmes com o mesmo roteiro: uma equipe de arqueólogos desenterra, nas areias do deserto, a tumba esquecida de algum faraó egípcio. Sem considerar uma inscrição em hieróglifos esculpida na porta da câmara mortuária principal, eles entram e, cúmulo da profanação, abrem de qualquer jeito o sarcófago do antigo imperador.
A equipe comemora a descoberta e começa a inventariar os tesouros existentes, até que, do nada, os pesquisadores e demais membros da equipe começam a ter mortes horríveis, um por um. Algumas dessas histórias foram tão divulgadas pelos meios de comunicação, que levaram muitas pessoas a enviar eventuais relíquias egípcias que possuíam para os museus.
Curiosamente, muitas das maldições de faraó foram divulgadas antes que o filólogo francês Jean-François Champollion tivesse anunciado, em 1822, a decodificação dos hieróglifos na famosa Pedra de Roseta. Mas ainda se passaram algumas décadas para que os egiptólogos conseguissem traduzir, com segurança, os antigos textos egípcios.
O grande evento que popularizou o mito de maldição do faraó, e o fixou com força no imaginário popular, foi a descoberta em 4 de novembro de 1922, da tumba de Tutancâmon, o rei menino que governou o Egito por volta de 1341-1323 a.C. até sua morte prematura aos 18 anos.
Depois que o arqueólogo britânico Howard Carter cortou a porta da tumba, alguns fenômenos começaram a acontecer: seu canário de estimação foi devorado por uma cobra egípcia; quatro meses depois, o patrocinador da expedição, Conde de Carnarvon, adoeceu e morreu. Duas semanas antes da morte, a revista New York World havia publicado uma carta da romancista Marie Corelli, prometendo um "terrível castigo" para quem abrisse a tumba.
Outros eventos se seguiram à morte de Carnarvon: o financista americano George Jay Gould morreu após visitar a tumba; a primeira pessoa a radiografar a múmia, Archibald Douglas-Reid também morreu; o arqueólogo Hugh Evelyn White se enforcou; e um amigo de Howard, Sir Bruce, que recebeu uma mão mumificada de presente, teve sua casa destruída por um incêndio e, após reconstruída, destruída de novo por uma enchente.
Outros membros da equipe de Carter também teriam sido "vítimas da maldição": príncipe Ali Kamel Fahby Bey, morto a tiros; governador Lee Stack, assassinado; Aaron Ember, morto em um incêndio; Arthur Mace, morreu de pneumonia; e o capitão Richard Bethell, secretário de Carter, morto por asfixia em um clube.
Embora todas essas mortes, ocorridas menos de dez anos após a abertura da tumba do faraó, tenham causado um verdadeiro frisson na imprensa da época, investigações mais detalhadas não revelaram qualquer relação entre os eventos, sendo quando muito apenas coincidências.
Hoje já se sabe que não há qualquer evidência de que as tumbas de faraós importantes tivessem inscrições de maldições ameaçadoras, apesar de algumas sepulturas de pessoas menos importantes exibirem essas ameaças em forma de maldições, porém raras.