Ciência
16/12/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 16/12/2024 às 12:00
A paralisação repentina da construção de uma terceira pista em uma rodovia mexicana que liga duas cidades do estado de Hidalgo, em junho de 2024, foi explicada recentemente pelo Ministério da Cultura do México e do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH). É que no caminho estrada havia uma pirâmide com cerca de 1,4 mil anos.
Segundo o comunicado, o local descoberto por acidente pelas equipes de construção é, na verdade, um sítio arqueológico, batizado como “San Miguel”, em referência a uma cidade próxima com o mesmo nome (San Miguel Metzquititlán).
Tão logo iniciaram seus trabalhos, os arqueólogos conseguiram desenterrar partes da pirâmide que chamaram de "Estrutura 1" e abrangia cinco setores contendo pelo menos dez elevações artificiais de terra. Ao final da escavação, foram também encontrados 155 artefatos, como conchas, cerâmicas e materiais de pedra, além de evidências de carvão, madeira carbonizada e pisos de cal.
Para resguardar os tesouros arqueológicos, as autoridades aprovaram a construção urgente de um grande muro ao redor da pirâmide, medindo 43 metros de comprimento e 11,7 metros de altura.
Segundo os pesquisadores, a estrutura é parte de um senhorio indígena, espécie de unidade político-territorial com governo próprio e liderança tradicional. Estabelecido antes da ocupação espanhola, o senhorio de Metztitlán, ou apenas "senhorio Metzca", dominou a área de Sierra Alta de Hidalgo durante as eras Epiclássica (650-950 d.C.) e pós-clássica tardia (1350-1519 d.C.).
No anúncio oficial, o diretor de turismo de San Agustin Metzquititlán, Héctor Labra Chávez, explicou que "não havia vestígios conhecidos de civilizações pré-hispânicas nesta área imediata" antes da descoberta do local, e que "estudos mais profundos são essenciais para descobrir o contexto cultural desta descoberta significativa".
Muitas estruturas pré-hispânicas, como essa localizada por acidente no caminho de uma rodovia, podem estar escondidas no México, assim como em outras regiões da América Central e América do Sul. Ultimamente, o INAH tem usado a tecnologia LIDAR, um método de sensoriamento remoto que utiliza laser para criar modelos 3D do subsolo e revelar possíveis assentamentos.
Só no ano passado, esses pulsos de laser fizeram duas revelações arqueológicas: uma estrada de 18 quilômetros de extensão que conectava as cidades maias há mais de 1,2 mil anos e. mais ao sul, onde é hoje a Guatemala, uma civilização maia desconhecida, com 964 assentamentos interconectados entre si por 177 quilômetros de estradas antigas.
Tais revelações reforçam a ideia de que o mundo pré-colombiano era culturalmente rico e complexo, com sociedades avançadas em organização social, conhecimentos astronômicos, arquitetura e engenharia, antes de sua aniquilação prematura com a chegada dos europeus.