Ciência
28/01/2023 às 11:00•3 min de leitura
Há diversas cidades que estão de pé há milênios, com muitos registros arqueológicos para contar sua história, como Atenas ou Roma. Mas existem outras que simplesmente sumiram na antiguidade, mesmo sendo metrópoles relevantes na época. É como se São Paulo apenas desaparecesse, sem que pudéssemos pesquisar algo de concreto sobre ela.
É claro que lendas e histórias sobre esses lugares fizeram com que eles permanecessem presentes no inconsciente coletivo. Mas era difícil separar a verdade dos mitos.
Contudo, em anos recentes, os arqueólogos começaram a encontrar registros dessas cidades perdidas. Assim, nós finalmente estamos entendendo como eram esses lugares e como viviam as pessoas que moravam neles. Confira cinco exemplos dessas descobertas.
Fonte: Wikimedia Commons
No final do século XIX, a vila de San el-Hagar, ao noroeste do Cairo, abrigava pouco mais de 1800 moradores. Até que as ruínas de uma antiga cidade começaram a ser descobertas: uma importante capital do Egito Antigo estava escondida nas areias do deserto.
Durante a 21ª dinastia do Egito, Tânis era um rico centro comercial. Mas a prosperidade acabou quando o curso do Rio Nilo mudou, a população migrou para outras regiões e a cidade sumiu, coberta pelo deserto. Os arqueólogos encontraram tumbas reais tão decoradas quanto as de Tutancâmon — repletas de máscaras de ouro, joias e outros tesouros.
As descobertas mais famosas sobre Tânis foram feitas em 1939, logo antes da Segunda Guerra Mundial, mas até hoje há trabalhos no lugar. Em 2009, cientistas avistaram um lago dedicado à deusa Mut e imagens de satélite mostram que há mais construções inexploradas.
Fonte: Wikimedia Commons
Falando em Egito Antigo, a civilização do Vale do Indo era até maior e mais influente que a egípcia, naquela época. Entre 2.500 a.C. e 1.700 a.C., eles construíram grandes cidades, com até 50 mil habitantes, na terra que hoje abriga o Paquistão.
Metrópoles como Harappa e Mohenjo-Daro eram sofisticadas e bem planejadas, abrigando muitos comerciantes e artesãos. Sua cultura era elaborada, com uma escrita que ainda está sendo decifrada pelos cientistas. Até unidades de medida padronizadas eles tinham!
Contudo, essas cidades e toda a civilização foram simplesmente varridas do mapa, sem que nenhum registro fosse conhecido por séculos. Nas últimas décadas, arqueólogos encontraram os primeiros registros e começaram a montar o quebra-cabeça: já se sabe que uma invasão em 1900 a.C. destruiu Mohenjo-Daro e que as chuvas obrigaram o povo a ir para as montanhas.
Fonte: Wikimedia Commons
Durante muito tempo, a Ilíada era um dos únicos registros da existência de Helike. Segundo a história da Grécia Antiga, ela foi uma importante cidade-estado até ser atingida por uma catástrofe — que matou todos os seus cidadãos e cobriu a cidade de água.
Muitos exploradores, como Jacques Yves Cousteau tentaram encontrar as ruínas de Helike no Golfo de Corinto. Até que, em 2001, arqueólogos procuraram no delta dos rios que desaguam no Golfo. Era lá que estava a cidade perdida: inúmeros artefatos foram encontrados, como moedas e cerâmicas, e as escavações continuam até hoje.
Fonte: Wikimedia Commons
A colonização da América começou com os espanhóis. Mas, nas últimas décadas do século XVI, os ingleses também fundaram as primeiras colônias na costa do que hoje é os Estados Unidos. Depois de um tempo vivendo na ilha de Roanoke, o inglês John White navegou para seu país para buscar suprimentos e ajuda — deixando lá sua família e mais 115 colonos.
Quando ele retornou, em 1598, ninguém mais estava lá. As buscas só encontraram árvores com a palavra "Croatoan" gravada. Essa era uma tribo indígena que vivia ali perto, mas não havia sinais de confronto para indicar que os colonos foram dizimados pelos nativos.
Somente em 2012 arqueólogos encontraram artefatos ingleses na ilha que então pertencia aos Croatoan. Acredita-se que os colonos "se mudaram" para lá, em busca de refúgio — e a principal hipótese é que os dois povos tenham se integrado. Mas as pesquisas continuam.
Fonte: Wikimedia Commons
Essa cidade perdida se tornou tão lendária que dezenas de filmes, livros e músicas foram feitas sobre ela. Afinal, era uma metrópole inteira de ouro — onde o povo coroava seu rei cobrindo-o com o metal da cabeça aos pés e jogando pedras preciosas num lago. Assim que os espanhóis ouviram falar nela, por volta de 1500, começaram a procurá-la.
Desde então, exploradores de vários países se embrenharam na Floresta Amazônica em busca da cidade dourada. Sem sucesso. Tanto que no século XVIII, El Dorado já era considerada mito.
Recentemente, descobriu-se que a lenda pode ter sim um fundo de verdade. Alguns objetos de ouro foram encontrados perto do lago Guatavita, na região de Bogotá. Mas pesquisadores ainda estão tentando recuperar mais riquezas no local.