Artes/cultura
07/04/2024 às 19:00•2 min de leituraAtualizado em 07/04/2024 às 19:00
Mães e pais, principalmente os de primeira viagem, podem ser bastante cuidadosos. Afinal, ao mesmo tempo que a chegada de um filho rende inúmeras descobertas nos primeiros anos, a infância é justamente a fase que mais exige atenção.
E há uma dúvida bastante comum quando se trata de deixar as crianças livres brincando em algum espaço aberto: será que brincar na terra realmente pode fortalecer o sistema imunológico? A resposta é sim, mas é preciso ter atenção a alguns detalhes para garantir que a diversão não renda mais do que roupas sujas eventualmente.
Ao contrário do que o senso comum possa sugerir, brincar em um parque, praça, campo ou em outro espaço aberto pode ser benéfico para o sistema imunológico na infância. Isso considerando que o local seja seguro e esteja minimamente limpo. Afinal, por mais que os pequenos tenham contato com terra e estejam expostos a algumas partículas de sujeira, esses ambientes não oferecem tantos riscos assim.
Um estudo publicado na Science Advances sugere que as atividades nesses espaços mais naturais fortalecem o sistema imunológico das crianças, que se desenvolve nos primeiros anos de vida. Tal efeito foi percebido em apenas um mês. Enquanto o organismo tem certo contato com partículas estranhas, mas que não representam grande perigo, o corpo aprende a identificar e a se proteger futuramente de vírus e bactérias quando realmente for necessário.
Como outra amostra disso, a vida no campo é associada a uma menor prevalência de alergias entre crianças. Curiosamente, o mesmo vale para quando há cães ou gatos em casa: em meio aos seus passeios, sabemos que os animais acabam transportando alguns micróbios para dentro do lar. Mas é justamente a presença deles que acaba beneficiando o microbioma dos pequenos, tornando-o mais saudável e resistente.
Segundo um estudo publicado em 2005 no Psychological Reports, gastar 18 minutos acariciando um pet é o bastante para fortalecer o sistema imunológico. Em outra pesquisa, divulgada na JAMA Network, no grupo de bebês estudados, o contato com o bichinho de estimação representou ainda uma menor probabilidade das crianças desenvolverem asma.
Em se tratando do ato de brincar na terra, especificamente, por mais que ele ofereça esses benefícios citados, permitindo que bactérias inofensivas fiquem na pele, ainda é preciso supervisionar a criança. Isso principalmente se elas estão naquela fase de colocar tudo o que encontram na boca.
Esse cuidado é necessário para evitar que elas desenvolvam doenças que são tão temidas pelos pais. Afinal, além da sujeira visível, a falta de saneamento básico adequado pode oferecer um fator de risco para o contato com produtos químicos tóxicos, e também com parasitas — riscos que nem sempre são tão óbvios.
Assim como em ambientes poluídos, com lixo visível, a água contaminada e alimentos manipulados sem a devida higiene também representam os mesmos perigos. Inclusive, devido ao desenvolvimento de algumas parasitoses, pode acontecer da criança apresentar deficiência de ferro — é assim que surge a estranha necessidade de comer terra.
Ou seja, a higiene continua sendo bem-vinda dentro de casa, mas na hora da brincadeira, é possível abrir algumas exceções e deixar os pequenos livres para se divertir.