Ciência
15/06/2022 às 04:00•2 min de leitura
Lembre dos tantos filmes de ação que você já viu na vida. É bem provável que eles estivessem repletos de cena de pancadaria, em que um herói bate ou apanha muito, mas sempre sobrevive — e quase sempre com poucos arranhões.
Em nome da verossimilhança, uma pergunta legítima aqui seria: será que isso seria possível na vida real? Será que poderíamos, se fôssemos treinados, apanhar ou bater sem nos machucar gravemente?
(Fonte: The Nexus)
E a resposta é: não, isto não existe. Golpes de todo tipo, especialmente na cabeça, são perigosos. Nos filmes, também é relativamente comum ver alguém desmaiar e depois se levantar sem muitas sequelas. É uma cena totalmente inverídica, já que golpes na cabeça são sempre nocivos.
Veja, por exemplo, os boxeadores profissionais, que ficam inconscientes frequentemente — mas com resultados muito diferentes do que nos filmes. Normalmente as cenas retratam um nocaute, que é quando o lutador leva um soco no queixo e vai à chão, perdendo a disputa.
Mas socos deste tipo são extremamente perigosos. Um golpe bem dado neste local pode causar lesões sérias no tronco cerebral, que inclusive pode deixar de funcionar. “Dependendo da gravidade da lesão, o lutador pode entrar em coma e até morrer”, disse o neurologista Rubens Reimão para a Superinteressante.
E sabe aquele artifício cinematográfico quando alguém é golpeado, fica desacordado e é carregado inconsciente por horas? Não corresponde em nada com a realidade. Nocautes da vida real duram poucos minutos.
Se a pessoa ficar inconsciente por muito tempo, é sinal que algo muito ruim aconteceu - como entrar em coma. Portanto, é praticamente impossível que alguém desmaie, acorde e volte a lutar.
(Fonte: Entretanto)
Outro tipo de cena recorrente é quando um vilão coloca gás tóxico no ar ou então segura um pano com éter, ou clorofórmio, sobre a boca e o nariz da vítima, que desmaia. Será que isto existe?
Na verdade, estas duas substâncias podem realmente fazer alguém ficar inconsciente, mas seu efeito é menos "organizado" do que como aparece nos filmes. O éter consegue "desligar" as regiões do cérebro que fazem uma pessoa permanecer consciente. Por conta disso, ele foi um dos primeiros anestésicos descobertos. O clorofórmio tem funções parecidas, mas é bem menos inflamável que o éter.
Mesmo assim, a cena do vilão é inverídica porque os efeitos não são instantâneos. Uma pessoa pode precisar de 20 a 30 minutos respirando profundamente os vapores do éter ou do clorofórmio para ser apagada. O éter, aliás, pode irritar os pulmões e a garganta, provocando uma tosse violenta, que impede que ele seja absorvido.
Já o clorofórmio tem alto risco de causar uma overdose acidental. Como ele é um depressor respiratório e cardíaco, usá-lo em grande quantidade pode fazer com que uma pessoa pare de respirar, seu coração deixe de bater e, por fim, ela morra.
Um exemplo real do risco destas substâncias ocorreu em 2002, quando 40 terroristas chechenos tomaram um teatro em Moscou e mantiveram 850 reféns. A polícia russa inseriu um gás anestésico no sistema de ventilação do teatro para incapacitar os terroristas e por fim salvar as pessoas. No entanto, a dosagem do gás era muito alta, e ele matou todos os terroristas, 115 reféns e deixou mais 400 hospitalizados, causando um escândalo mundial.
Por isso, o melhor conselho para quem deseja imitar cenas de filmes é bem simples: desista.