Rui Barbosa tentou apagar a escravidão da história do Brasil

15/08/2021 às 09:002 min de leitura

Advogado, escritor, orador, jurista, diplomata e filólogo, Rui Barbosa era considerado um polímata (uma pessoa que detém conhecimento em diversos assuntos). Essa inteligência acima da média levou o então ministro da Fazenda do Brasil de 1890 a tentar apagar sistematicamente — e de maneira literal — a escravidão do país.

Um documento ordenando a eliminação dos arquivos nacionais de todos os vestígios da escravatura no Brasil foi aprovado pelo Congresso Nacional, que permitiu que fossem queimados livros e registros dos cartórios municipais com dados relativos à compra, venda e transferência de escravizados em solo brasileiro.

Mas por qual motivo?

Protegendo os culpados

(Fonte: Mundo Educação/Reprodução)(Fonte: Mundo Educação/Reprodução)

De acordo com o professor Humberto Fernandes Machado, da Universidade Federal Fluminense, acredita-se que Rui Barbosa queria evitar que o Tesouro Nacional fosse obrigado a indenizar os donos de escravizados afetados pela Lei Áurea instituída em 1888.

“Os senhores de engenho, fazendeiros e grandes proprietários pensavam em se beneficiar com a República e com as indenizações”, deduziu Machado.

Com todos os documentos do pedido sendo queimados em 13 de maio de 1891, é provável que uma república recém-estabelecida através de um golpe militar, apoiada por antigos senhorios, poderia ter tomado rumo pior se os documentos ainda existissem.

(Fonte: BBC/Reprodução)(Fonte: BBC/Reprodução)

Por outro lado, se os escravizados tivessem acesso ao registro de sua data de compra, eles poderiam reivindicar uma recompensa por terem sido escravizados de maneira ilegal — conforme a lei promulgada em 7 de novembro de 1831 que proibia o tráfico negreiro no Brasil. No entanto, essa ordem não foi cumprida e mais de 300 mil africanos foram trazidos para o país ao longo de 15 anos.

Então é provável que eles poderiam ter se beneficiado dessas indenizações, ainda que isso significasse o apagamento da história de dor e morte deles que estende raízes até hoje.

Encontrada em 2006, uma carta escrita pela princesa Isabel ao visconde de Santa Vitória, sócio do Banco de Mauá, mostra a intenção da mulher de indenizar os ex-escravizados com terras e instrumentos de trabalho para que eles pudessem refazer a vida.

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