Saúde/bem-estar
13/11/2021 às 07:00•2 min de leitura
Em 28 de agosto de 1993, a cidade de Londres, na Inglaterra, hospedaria um dos maiores shows de todos os tempos, que seria realizado como um adeus definitivo para o vocalista Bruce Dickinson. Com a promessa de um espetáculo inesquecível, a banda Iron Maiden passou meses se movimentando nos bastidores enquanto preparava um espetáculo que não apenas fizesse jus ao legado do grupo, mas também marcasse o planeta do rock com um dos conceitos mais poderosos do gênero musical: a violência gráfica.
A turnê Raising Hell surgiu como uma ideia do Semaphore Entertainment Group (SEG), empresa voltada às produções em pay-per-view e antiga detentora dos direitos do Ultimate Fighting Championship (UFC). Por anos, a companhia focou na distribuição de conteúdos em TV fechada, voltados para o público infantojuvenil, como os do clássico grupo New Kids on the Block. Foi então que uma nova proposta surgiu, e o SEG decidiu investir em algo que se afastasse totalmente do conceito de boy band.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Com o suporte do ilusionista Simon Drake, que havia realizado apresentações visceralmente intensas na televisão britânica e em sua própria série, The Secret Cabaret, organizaram um evento em que o sangue seria a grande estrela do palco. Sem qualquer censura em relação à violência visual, o SEG deu início aos planos de produzir um show com elementos de heavy metal e teatro com uma apresentação inédita da banda Iron Maiden, para quem já havia promovido o clássico álbum Fear of the Dark (1992).
“Acho que fui eleito o 'mágico mais violento' em algum programa de TV”, diz Drake, em entrevista ao Mental Floss. “Eu tinha uma espécie de abordagem [Quentin] Tarantino na época com a magia. Foi uma abordagem de banho quente e frio. Em um minuto você estaria fazendo algo desagradável e no próximo seria algo encantador.”
O início da aventura sangrenta de Drake foi em Portugal, quando o ilusionista viajou para trabalhar ao lado do Iron Maiden em uma turnê na Europa. Lá, ele teve a oportunidade de se aproximar ainda mais dos integrantes da banda e entender a melhor forma de mostrar o lado artístico da morte em um palco lotado, atendendo aos pedidos de "mais sangue" do SEG e da própria identidade do grupo de rock.
O dia do evento chegou, e quase mil pessoas ocuparam o Pinewood Studios, espaço cinematográfico pouco convencional e limitado que foi o lar de filmes como 007 e Star Wars. Durante o espetáculo, ilusões de palco terríveis foram projetadas por Drake: uma faca rasgando seu próprio antebraço, os membros de um assistente de palco sendo torcidos, as mãos recém-decepadas de Dave Murray, a cabeça solta do mascote Eddie em um poste e, para o gran finale digno de obras de terror, a chocante "morte" de Bruce Dickinson em uma donzela de ferro.
O programa foi bem recebido presencialmente, mas não obteve o mesmo feito na TV fechada, sendo vítima de censura por parte da emissora original — que cortou três ilusões — e de críticas de pessoas que acusaram a produtora de exagerar no sangue. Apesar disso, as vendas do show em formatos VHS, Laser Disc e DVD foram um verdadeiro sucesso, e as 17 músicas lançadas na apresentação até hoje são vistas como um legado de uma das bandas de heavy metal mais revolucionárias que o mundo já escutou.