Mary Toft: a mulher que convenceu a todos de que havia dado à luz a coelhos

16/01/2022 às 10:002 min de leitura

Na primeira metade do ano de 1726, a camponesa Mary Toft, moradora do distrito de Guildford em Londres, na Inglaterra, mobilizou toda sua comunidade com uma história que chamou a atenção até mesmo dos mais céticos. Com apenas 24 anos, a jovem tornou-se um misterioso caso da medicina da época, afirmando ter dado à luz a coelhos após sofrer uma gestação terrivelmente dolorosa e anormal.

Casada com o jornaleiro James Toft e mãe de três crianças — Mary, Anne e James —, Mary Toft levava a vida normalmente como trabalhadora em uma fábrica de Surrey. Precisava cumprir com as tarefas domésticas e industriais mesmo durante suas gestações e pós-parto, visto que na época as mulheres deviam permanecer prestando serviços para os grandes operadores de máquinas, mesmo grávidas.

O início das complicações deu-se em agosto de 1726, quando Mary percebeu que teria uma quarta criança e que seu corpo já não estava respondendo mais da mesma forma que antes. Foi então que, já afastada de todos os ofícios por conta de dores insuportáveis que a impediam até mesmo de ficar em pé, a jovem camponesa passou por algo inesperado e igualmente sinistro: pedaços de carne e sangue foram expelidos espontaneamente de seu útero.

(Fonte: Wikipedia / Reprodução)(Fonte: Wikipedia/Reprodução)

Sem acreditar no que a britânica estava vivenciando, parteiros e médicos locais acabaram indo visitá-la, de modo a verificarem se, de fato, tudo que estava chegando a seus ouvidos era verdade. Ao chegar na casa dos Toft, os especialistas foram surpreendidos por mais objetos sendo liberados e perceberam, além do conteúdo que já havia saído, fragmentos similares a ossos de enguia, tripas de gato e partes de coelhos.

Atestado médico real

John Howard, médico do condado e primeiro doutor a presenciar o anormal evento, notificou o rei George I e exigiu a visita de um especialista da realeza para confirmar o que seus olhos custavam a acreditar. Poucos dias após a convocação, os cirurgiões Nathaniel St. Andre e Cyriacus Ahlers puderam observar presencialmente o caso de Mary e comprovaram, em nota pública, que ela havia sido mãe de quatro coelhos saudáveis, mas que faleceram no instante em que saíam das trompas de falópio.

(Fonte: Getty Images / Reprodução)(Fonte: Getty Images/Reprodução)

A história se espalhou pela Inglaterra e virou notícia em jornais e tabloides. Segundo as matérias, Mary tornou-se obcecada por coelhos após ser perseguida por um espécime enquanto trabalhava em um campo com outras mulheres. Porém, a sugestão de uma gravidez psicológica gerou uma repercussão muito maior que a esperada, e o interesse de outros médicos em analisar e questionar o estranho nascimento forçou a jovem de Surrey a revelar a verdade por trás do mistério. Toft confessou que ela e seu marido estavam comprando coelhos, e empurrando-os através do canal vaginal para fingir o milagroso parto. 

Rapidamente, Mary foi acusada de cometer fraude e virou alvo de inúmeros processos encomendados pelos médicos, vítimas de chacotas pela ingenuidade e incapacidade de detectar a gestação anormal. A mulher ainda tentou culpar James, Howard e a sogra por supostamente a pressionarem, mas não escapou de passar uns dias na prisão para pagar pelo crime. Um tempo depois, ela foi oficialmente liberada, mas seguiu nas lembranças da comunidade por sustentar uma mentira absurda e por confundir mesmo alguns dos mais respeitados nomes da medicina na época.

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