Artes/cultura
15/04/2022 às 09:00•3 min de leitura
A estrela de Hollywood Judy Garland não teve uma vida fácil. Embora tenha conhecido fama e fortuna, a protagonista de O mágico de Oz conheceu a tristeza e a tragédia desde pequena. Assédio, abuso de drogas, rejeição, abortos: tudo isto esteve presente na sua trajetória.
Nascida em 10 de junho de 1922, no estado de Minnesota, Frances Ethel Gumm (Judy Garland era seu nome artístico, escolhido por ela mesma aos 12 anos) não foi um bebê desejado pelos pais. O casal cogitou interromper a gravidez, mas o aborto não era permitido.
Sua estreia no teatro foi bem cedo: aos 2 anos e meio, ela se apresentou pela primeira vez em um palco. Nesta época, o casamento dos seus pais estava degringolando, mas a família ainda resolveu se mudar com as três filhas (Judy era a caçula) para a Califórnia.
A mudança foi fundamental para a carreira da futura estrela, mas não para o casal. Judy chegou a declarar sobre esta fase: "pelo que me lembro, meus pais estavam se separando e voltando a ficar juntos o tempo todo. Era muito difícil para eu entender essas coisas e, claro, lembro claramente do medo que eu tinha dessas separações".
(Fonte: Time)
Sua mãe, Ethel, a estimulou para entrar na carreira artística desde muito pequena. Ela participava em shows dentro de boates que nem sempre eram apropriadas para a sua pouca idade. E mesmo que ela se apresentasse junto com as irmãs (elas formavam um grupo chamado Gumm Sisters), Judy relatou que a mãe era bem mais dura com ela.
Segundo suas biografias, foi a sua mãe, inclusive, que apresentou as pílulas (anfetaminas para ter mais energia e remédios para dormir) para Judy Garland quando ela tinha apenas 10 anos. Todo o sacrifício, aparentemente, rendeu frutos, já que a pequena cantora foi contratada pelo estúdio Metro-Goldwyn-Mayer em 1935.
No entanto, Judy foi exposta a situações extremamente abusivas em seu novo trabalho. Sua aparência era constantemente julgada. O produtor de cinema Louis B. Mayer teria chamado a menina de "meu pequeno corcunda" (ela media um metro e meio e tinha a coluna curvada). Além disso, Judy estava acima do peso e era cobrada o tempo todo para emagrecer. Resultado: ela acabou se viciando em pílulas, um problema que a acompanharia ao longo da vida.
O contrato com a MGM era muito exigente, e muitas vezes ela trabalhava 18 horas por dia, atuando em dois filmes ao mesmo tempo. Por conta dessa rotina excessiva, Judy Garland ficou cada vez mais cansada e aumentava gradativamente o seu consumo de drogas.
(Fonte: Correio Braziliense)
Com 16 anos, Judy foi escalada para o filme que faria a sua carreira explodir: ela viveu a personagem Dorothy no clássico O mágico de Oz. Para participar da obra, foi cobrada de que tinha que emagrecer. Por conta disso, a MGM colocou-a numa "dieta" em que ela consumia diariamente sopa de galinha, fumava 80 cigarros, tomava café preto e ingeria muitas pílulas. No filme, ela usava um espartilho e seu nariz foi alterado por maquiagem.
Em várias de suas biografias, há relatos de que ela foi assediada sexualmente a vida toda - por diretores, produtores e atores dos filmes em que trabalhava. Seu primeiro casamento, aos 19 anos, foi uma maneira de fugir um pouco desse pesadelo. O marido, o compositor David Rose, tinha 30 anos na época. A mãe de Judy foi contra o casamento.
Judy engravidou do primeiro marido, mas foi persuadida pela mãe e pela MGM a fazer um aborto, pois ter um filho naquele momento arruinaria sua carreira. Mais tarde, ela faria mais um aborto de uma gravidez com Sidney Luft, à época seu amante, mas com quem ela se casaria mais tarde e teria 2 filhos.
Ela se casaria mais 4 vezes. Com o cineasta Vincent Minelli, Judy teria a filha Liza, que também se tornaria uma artista famosíssima. O seu último marido, Mickey Deans, era alguém que ela conheceu porque ele lhe fornecia drogas. Eles permaneceram casados por apenas 3 meses até que Judy morresse, acidentalmente, de overdose. Ela relatou ter sofrido violência doméstica de pelo menos 3 de seus cônjuges.
Sua carreira foi mal administrada por seus empresários e ela perderia muito dinheiro durante a vida, a ponto de ter que fazer apresentações por cachês de 100 dólares por noite. Em 22 de junho de 1969, aos 47 anos, ela foi encontrada morta em sua casa, em Londres. A causa do óbito foi uma overdose de barbitúricos. Por mais que sua morte tenha sido considerada acidental, Judy já havia tentado o suicídio enquanto esteve internada em uma clínica de reabilitação.