Saúde/bem-estar
10/06/2022 às 10:00•2 min de leitura
No dia 16 de agosto de 1889, milhares de crianças paraguaias saíram de casa para nunca mais voltar. Trata-se de um dos mais horrendos episódios da história latino-americana e uma das cicatrizes mais profundas da história paraguaia: a Batalha de Campo Grande — ou Batalla de Acosta Ñu, como é chamada no país vizinho. Esse conflito marca o fim da Guerra do Paraguai, maior conflito da história da América Latina.
Ainda que tenha tido algumas vitórias nos primeiros momentos do conflito, o exército paraguaio não conseguiu fazer frente às forças brasileiras, argentinas e uruguaias. Dessa forma, o país lidou com baixas imensas.
Para evitar a rendição, mulheres e crianças passaram a ser convocadas para a luta. As mulheres assumiram papéis logísticos e os meninos se tornaram soldados. Sendo assim, não é exagero dizer que, durante a Batalha de Campo Grande, o exército brasileiro lutou contra um exército infantil.
Pintura retratando a Batalha de Campo Grande. (Fonte: Reprodução: Wikepedia)
Segundo historiadores, o exército paraguaio que lutou essa batalha tinha crianças com idades entre 9 e 15 anos, mas meninos ainda mais jovens, com seis anos, também acompanhavam o grupo. Esse grupo somou cerca de 3 mil pessoas.
Do outro lado, o Brasil contava com 20 mil homens, melhor armados e treinados. As armas brasileiras tinham alcance de 500 metros de distância e isso ajudava a proteger a vida dos soldados. Já as armas usadas pelos paraguaios tinham alcance de apenas 50 metros, o que obrigava os combatentes a se exporem mais. Outro ponto de desvantagem era a falta de treinamento militar dos paraguaios, uma vez que, nesse momento, era a população quem lutava.
Os números das vítimas dessa guerra são incertos. Estima-se que ela tenha matado até 450 mil pessoas, sendo que cerca de 200 mil mortos eram paraguaios. Contudo, o impacto nesse país foi brutal, pois praticamente dizimou a população adulta do Paraguai.
No Brasil, a guerra também ceifou vidas, mas uma das principais consequências foi o aumento dos gastos. O Brasil também lidou com a falta de soldados, mas, em vez de crianças, escravos acabaram sendo convocados. Eram os chamados “voluntários da Pátria” — e isso contribuiu para o fortalecimento do movimento abolicionista. Já a Argentina precisou se endividar para conseguir se manter na guerra.
Além de ver sua população morta, o Paraguai perdeu 25% do seu território para o Brasil e a Argentina, além de ter contraído uma dívida relacionada aos custos da guerra. Essa dívida foi perdoada cerca de 100 anos depois do fim do conflito.
A Batalha de Campo Grande foi a última grande batalha da guerra, uma vez que o presidente paraguaio, Solano López, foi capturado e morto na sequência, marcando o fim desse trágico evento.
No Paraguai, o dia 16 de agosto foi escolhido como o Dia das Crianças, em homenagem aos pequenos soldados paraguaios.