Ciência
25/07/2022 às 09:00•2 min de leitura
A arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon pode ser vista como um patrimônio mundial. Seu trabalho científico ajudou, além de outras coisas, a criar o Parque Nacional da Serra da Capivara, localizado no estado do Piauí. É lá que está o maior conjunto de sítios arqueológicos dentre os presentes nas Américas. O local é responsável por preservar boa parte da história da humanidade.
Em julho, um espetáculo realizado no parque irá celebrar as cinco décadas que Niède dedicou à preservação deste parque. A arqueóloga será homenageada em um evento promovido pela Ópera da Serra da Capivara, no anfiteatro da Pedra Furada, presente no próprio Parque Nacional.
O espetáculo, que havia sido interrompido por conta da pandemia de covid-19, retorna entre os dias 26 e 30 de julho para sua quarta edição. O show é um evento multissensorial que envolve música, dança, teatro, circo e tecnologia. A partir de projeções a laser, videomapping e inteligência artificial, a história de Niède Guidon é narrada de forma emocionante.
As apresentações durarão três dias e contarão também com shows de artistas como Roberta Sá, Dona Onete, Cordel do Fogo Encantado, Cátia de França, Ostiga Júnior, além da discotecagem de Gil Preto, do projeto Brasilidades. Tudo acontece na Serra da Capivara, no Piauí.
(Fonte: 360 Meridianos)
A arqueóloga Niède Guidon, de 89 anos, é um dos grandes nomes da ciência brasileira. Filha de pai francês e mãe brasileira, ela é formada em História Natural pela Universidade de São Paulo, e fez doutorado em Pré-história pela Universidade Sorbonne, em Paris.
Sua história pessoal e profissional se confundem com a do próprio Parque Nacional da Serra da Capivara. Seu trabalho no local auxiliou na descoberta de vários achados que revelam como foi a presença do homem pré-histórico nas Américas.
Niède teve seu primeiro contato com o parque em 1963, quando trabalhava no Museu do Ipiranga e coordenava uma exposição de pinturas rupestres encontradas em Minas Gerais. Na ocasião, o então prefeito de Petrolina, Luiz Augusto Fernandes, entregou em suas mãos algumas fotos de pinturas encontradas nos paredões da Serra da Capivara.
Atiçada pela curiosidade e pelo conhecimento científico, ela logo programou uma viagem até o local. No entanto, as fortes chuvas da época impediram que a expedição fosse feita. Niède se exilou em Paris durante a ditadura militar, mas retornou ao Brasil em 1973. Com o apoio do governo francês, ela liderou uma missão arqueológica até o Piauí, de onde nunca mais saiu.
Sua carreira como pesquisadora e diretora do Parque Nacional da Serra da Capivara envolve também a criação da Fundação Museu do Homem Americano (FUNDHAM) — que administra o Parque em parceria com o ICMBio —, e dois museus: o do Homem Americano e o Museu da Natureza.
(Fonte: Viagem e Turismo)
O Parque Nacional da Serra da Capivara é conhecido internacionalmente como um patrimônio da humanidade por conta de seus registros rupestres pré-históricos datados entre 6 e 12 mil anos. Estes vestígios nos contam detalhes sobre a vida de nossos ancestrais — como seus ritos, costumes e cultura —, que habitaram a região durante muitos milênios.
O local tem mais de 1,3 mil registros pré-históricos da presença humana em mais de 100 mil hectares de área. Em 1991, a Unesco incluiu o Parque na lista de Patrimônio Mundial por sua importância histórico-cultural e, posteriormente, em 1993, ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (IPHAN).