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10/10/2022 às 13:31•2 min de leitura
Pinturas rupestres encontradas na Serranía de La Lindosa, na Colômbia, podem sugerir a existência de animais gigantes durante a Era do Gelo. Entre elas, estariam preguiças gigantes, animais herbívoros que lembram elefantes e uma linhagem extinta de cavalos.
A localidade onde as pinturas estão foi conhecida há pouco tempo, pois estava fora do alcance dos pesquisadores após a Guerra Civil na Colômbia. Segundo o arqueólogo José Iriarte, da Unversidade de Exeter, responsável pelo estudo, as pinturas trazem informações novas. “Toda a biodiversidade da Amazônia está pintada lá. Elas mostram tanto criaturas aquáticas quanto terrestres e plantas, bem como animais que são muito intrigantes e parecem ser grandes mamíferos da era do gelo”, explicou em matéria do The New York Times.
As pinturas rupestres retratam uma megafauna que teria existido na era glacial. Contudo, a identificação de animais extintos a partir da arte rupestre é ainda um tema controverso para a ciência.
(Fonte: BBC)
Os pesquisadores afirmam que as pinturas foram provavelmente feitas entre 11.800 e 12.600 anos atrás — ou seja, na parte final da Idade do Gelo. Elas foram encontradas em abrigos rochosos localizados no extremo norte da Amazônia colombiana.
As pinturas mostram animais hoje extintos, como o mastodonte, preguiças gigantes e cavalos da Era do Gelo. Além disso, há o registro de formas geométricas, marcas de mão, cenas de caça e figuras humanas.
Os arqueólogos consideraram que estas pinturas (que foram feitas com pigmentos de ocre raspado) podem configurar entre as maiores coleções de arte rupestre que já foram localizadas na América do Sul.
Para Mark Robinson, também da Universidade de Exeter, as imagens podem dar uma visão nova sobre como era a vida das primeiras pessoas que habitaram o oeste da Amazônia. “Elas se mudaram para a região em um momento de extrema mudança climática, que estava levando a alterações na vegetação e na composição da floresta. A Amazônia ainda estava se transformando na floresta tropical que conhecemos hoje”, pontuou.
(Fonte: BBC)
A descoberta dos pesquisadores da Universidade de Exeter levantou alguma discussão entre os colegas. Ekkehart Malotki, professor da Northern Arizona University, afirmou que a interpretação sobre a época em que aquelas pinturas foram feitas é contestável, e envolve certo achismo.
Já Fernando Urbina e Jorge Peña, arqueólogos da Universidad Nacional de Colombia, também discordaram da afirmação sobre a época glacial. Em 2016, eles disseram que as imagens vistas em La Lindosa podem retratar animais que foram introduzidos pelos europeus na Amazônia — por isso, as pinturas teriam apenas alguns séculos de idade. O professor Malotki argumentou no mesmo sentido: que as imagens, por conta de sua preservação excepcional, parecem ser mais jovens do que sugerem os colegas da Universidade de Exeter.
Uma controvérsia envolve também os animais identificados. Uma das imagens mostra um animal com uma prole a tiracolo. A equipe de Exeter afirma que estaria ali uma preguiça adulta com filhotes. Mas Michael Ziegler, doutorando no Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, polemizou: “este animal é muito diferente de milhares de outras pinturas em relação à sua prevalência e representação anatômica”, afirmou.
Em outra imagem, a equipe do doutor Iriarte identificou preguiças gigantes e cavalos do Pleistoceno. Já os pesquisadores Urbina, Peña e Malotki disseram que as imagens exibem capivaras e cavalos modernos, não sugerindo semelhança com animais extintos.
Ainda assim, há quem defenda as interpretações da equipe de Exeter. "A interpretação de imagens de arte rupestre está sempre sujeita a debate, especialmente quando se argumenta que animais extintos foram retratados. Neste caso, há um forte argumento usando várias linhas de evidência para apoiar a alegação de que algumas pinturas sobreviventes na Amazônia colombiana são de megafauna extinta do final do Pleistoceno ou início do Holoceno. O próximo desafio é datar cientificamente as pinturas para apoiar ou refutar essa afirmação", afirmou Paul Tacon, professor de arqueologia e antropologia da Universidade Griffith, para o The New York Times.