Ciência
29/11/2022 às 12:00•2 min de leitura
Desde os tempos antigos, adornos de cabeça são usados pelos homens árabes como uma proteção adicional contra o calor do Sol, o vento do ambiente desértico e a areia. O estilo e a escolha desse tipo de vestimenta, conhecido como ghutra — entre outros nomes — pode depender de uma série de fatores, como religião, posição social e nacionalidade.
Nos seis países integrantes do Conselho de Cooperação do Golfo (Omã, Emirados Árabes Unidos, Catar, Bahrein, Kuwait e Arábia Saudita), é meio que uma norma o uso desses trajes pelos cidadãos. Com a Copa do Mundo de 2022 no Catar, a ghutra se tornou não somente um símbolo do evento — como o próprio mascote do evento, La'eeb —, mas um dos acessórios mais vistos por telespectadores de todo o mundo.
(Fonte: Shutterstock)
Se você for ao Catar ou qualquer um dos países que citamos anteriormente, poderá notar facilmente uma infinidade de homens e crianças usando a ghutra e o igal (aquela faixa parecida com uma corda usada para prender o acessório na cabeça do usuário). Aqui já é possível acabar com um dos mitos mais comuns no ocidente sobre a ghutra: o de que somente os xeiques podiam usá-la. Na verdade, qualquer pessoa está habilitada a usar o adorno de cabeça.
Apenas para contextualizar, xeique é um título árabe que tem mais a ver com respeito e vem da época pré-islâmica. De forma direta, significa um homem venerável com mais de 50 anos. Normalmente, é usado por líderes de ordens religiosas, chefes de universidades, líderes de aldeias ou tribos, bem como chefes de bairros separados dos grandes centros urbanos. O título também pode ser aplicado a qualquer pessoa que tenha memorizado o Alcorão, por mais jovem que a pessoa seja.
Voltando à ghutra, seja para proteção contra o sol ou por uma questão de tradição de séculos entre árabes e sauditas, um aspecto interessante é que existe todo um processo de dobras antes de o tecido de formato triangular ser posto na cabeça do usuário.
Ainda assim, mesmo com todo o trabalho para dobrar e enrolar, os créditos ficam com o igal, o cordão preto. Sem esse pequeno "prendedor", qualquer vento levaria a ghutra embora.
(Fonte: Shutterstock)
Há muitas curiosidades sobre a ghutra que são desconhecidas de nós, ocidentais. Por exemplo, por mais incrível que pareça, a versão xadrez nas cores branco e vermelho, uma das mais usadas atualmente, teria suas origens em outro continente: na Europa, mas isso não é um consenso.
Há também quem diga que a ghutra já existia na Arábia antiga, enquanto outros apontam para o seu surgimento apenas há algumas décadas.
(Fonte: Shutterstock)
Quando se trata de roupas no Oriente Médio, a idade e a localização influenciam muito. Por exemplo, os jovens tendem a usar roupas mais ocidentais, enquanto trajes mais "conservadores", como a ghutra, ficam reservados para ocasiões especiais, a exemplo de celebrações religiosas. Por outro lado, as gerações mais velhas tendem a ser mais apegadas à questão das vestimentas mais tradicionais.
Também há roupas típicas que são mais encontradas em bairros mais populares, enquanto naqueles mais chiques, de classes média e alta, as grifes ocidentais são percebidas nas ruas com mais frequência.
Por fim, temos o simbolismo da ghutra. A de cor branco e vermelho remete ao patriotismo. A branca indica pureza, enquanto a preta, liberdade. Existe uma infinidade de outras cores, mas nem sempre elas querem dizer alguma coisa além da estética.
No final das contas, a ghutra é para os árabes o que o boné é para os ocidentais, com seus objetivos, significados e histórias específicos.