'Demônio oculto' reaparece em pintura famosa do século XVIII

07/11/2023 às 10:002 min de leitura

A controversa figura de um demônio que havia sido escondida em um quadro feito pelo pintor Joshua Reynolds, em 1789, voltou a ser vista após a obra passar por uma nova restauração. A versão totalmente original da pintura entrou em exposição na Petworth House, em West Sussex, na Inglaterra, no início de novembro.

O quadro, denominado “A Morte do Cardeal Beaufort”, não foi bem recebido na época do seu lançamento, no final do século XVIII, devido à representação da criatura diabólica na tela, como destaca a BBC. Considerado um dos maiores pintores do período, Reynolds teve seu trabalho contestado pela crítica.

Diante da polêmica, o desenho do espírito maligno acabou sendo apagado do quadro, aos poucos, por restauradores. Ele sumia à medida que recebia novas camadas de verniz, ficando praticamente imperceptível a partir do século XIX, enquanto as demais áreas da obra mantiveram o aspecto original, embora escurecido.

(Fonte: Facebook/National Trust)(Fonte: Facebook/National Trust)

Mas o National Trust, organização que atua na conservação do patrimônio do Reino Unido, decidiu recuperar a versão original da pintura, fazendo o “demônio perdido” reaparecer. A restauração, bastante complexa, foi feita em homenagem aos 300 anos de Joshua Reynolds, completados em julho deste ano.

Inspirado na obra de Shakespeare

Baseado na peça Henrique VI, Parte 2, de William Shakespeare, o quadro do demônio perdido retrata o rei ao lado da cama em que o cardeal agoniza. Na cena, o monarca implora a Deus para que o seu tio-avô tenha um fim pacífico, dizendo: “Oh! Afaste o demônio ocupado e intrometido que cerca a alma deste desgraçado”.

Reynolds, aparentemente, fez uma interpretação literal da peça de Shakespeare ao adicionar a figura demoníaca. Ela aparece no canto direito do quadro, em meio às sombras, observando o cardeal na cama, enquanto outros dois homens estão ao lado do rei Henrique VI.

(Fonte: Institute of Conservation/Divulgação)(Fonte: Institute of Conservation/Divulgação)

De acordo com o curador nacional sênior de pintura e escultura do National Trust, John Chu, a inclusão da “figura monstruosa” não se enquadrava nas regras artísticas da época. Logo na sua primeira exibição, A Morte do Cardeal Beuafort despertou a fúria da crítica.

Pessoas próximas ao pintor tentaram fazê-lo mudar de ideia e não adicionar a representação do diabo no quadro ou excluí-la após o término do trabalho. O artista, obviamente, não seguiu nenhuma das recomendações.

De volta às exposições

Com a polêmica em torno da figura do demônio, o quadro de Reynolds foi vendido, em 1805. O comprador, o 3º Conde de Egremont, em Petworth, pagou uma quantia que equivale a 38 mil libras atualmente, o que dá em torno de R$ 227 mil pela cotação do momento.

Desde então, a pintura permanece no museu mantido pelo National Trust, em West Sussex, junto com uma enorme coleção de obras de arte. Depois de um período indisponível, ela está novamente em exibição ao público, totalmente restaurada.

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