Lei de Zipf: o que é a regra matemática que quase todas as línguas seguem?

05/12/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 05/12/2024 às 12:00

Já pensou que a linguagem, essa habilidade humana tão única e complexa, pode ser governada por uma simples equação? Pois é, existe algo chamado Lei de Zipf, que basicamente diz que as palavras que usamos seguem uma ordem previsível de frequência. Parece estranho, mas o mais intrigante é que isso vale para praticamente todas as línguas — e até para aquelas que ainda não conseguimos decifrar.

A Lei de Zipf, identificada há cerca de 80 anos, sugere que a palavra mais usada em uma língua aparece o dobro de vezes que a segunda mais frequente, três vezes mais que a terceira, e assim por diante. Em inglês, por exemplo, "the" reina absoluta, sendo usada muito mais do que palavras como "ecumenical" ou "phubbing". E isso não é exclusividade do inglês. Línguas como mandarim, espanhol e até textos históricos, como A origem das espécies, de Charles Darwin, também obedecem a esse padrão.

Uma lei que atravessa línguas e mistérios

Foto de George Zipf, linguista americano criador da Lei de Zipf. (Fonte: Freeport High School/Wikimedia Commons/Reprodução)
Foto de George Zipf, linguista americano criador da Lei de Zipf. (Fonte: Freeport High School/Wikimedia Commons/Reprodução)

Você pode pensar que essa regularidade é apenas um truque estatístico, mas a Lei de Zipf vai além. Mesmo línguas que nunca foram decifradas, como a do Manuscrito Voynich, seguem essa regra. E isso levanta uma pergunta: por quê?

George Zipf, o linguista que identificou esse fenômeno, tinha uma teoria. Ele acreditava que a lei era um equilíbrio entre esforço e clareza. Em outras palavras, falantes preferem palavras comuns para economizar energia, enquanto ouvintes dependem de palavras menos usadas para entender melhor o contexto. É uma espécie de dança entre eficiência e significado.

Outros pesquisadores sugerem que a popularidade de certas palavras aumenta com o tempo, criando um "efeito bola de neve". Mas, mesmo com essas hipóteses, ninguém conseguiu explicar de forma definitiva por que as palavras seguem essa ordem tão exata. "É curioso que palavras variem tanto em frequência, e mais ainda que sigam uma regra matemática tão precisa," reflete um estudo sobre o tema.

E o que isso significa para nós?

A Lei de Zipf se aplica a qualquer texto longo, até mesmo às obras de Shakespeare. (Fonte: Getty Images)
A Lei de Zipf se aplica a qualquer texto longo, até mesmo às obras de Shakespeare. (Fonte: Getty Images)

Se tudo isso já não fosse estranho o suficiente, a Lei de Zipf pode ser aplicada em qualquer texto longo — incluindo os seus. Quer testar? Pegue um texto que você escreveu, coloque em um analisador de distribuição de palavras, e veja se ele segue a regra. Spoiler: provavelmente vai seguir. Até Shakespeare, com sua obra-prima Hamlet, não escapou dessa previsibilidade linguística.

Essa regularidade levanta questões intrigantes sobre a nossa relação com a linguagem. Por que somos tão previsíveis até na escolha de palavras? Será que isso reflete como nosso cérebro organiza informações, ou seria um reflexo das interações sociais ao longo do tempo? Até agora, nenhuma explicação conseguiu desvendar completamente o mistério. Como descreve um estudo sobre o tema: "Essa lei é uma propriedade peculiar da linguagem humana e permanece sem uma explicação definitiva."

No fim, a Lei de Zipf nos lembra que, por mais criativos que tentemos ser, existe uma ordem oculta nas nossas palavras. Essa descoberta é tanto um desafio para linguistas quanto uma oportunidade para pensarmos sobre a eficiência e os limites da comunicação humana. Afinal, mesmo em nossa imprevisibilidade, parece que seguimos regras que nem sabíamos que existiam.

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