Ciência
14/04/2022 às 02:00•2 min de leitura
O estudo recentemente divulgado pela Unicamp e USP, que indicou a presença de problemas neurológicos mesmo em pacientes que tiveram sintomas leves da covid-19 e revelou que o alvo preferido da doença no cérebro são os astrócitos, já havia sido realizado e publicado meses antes pela coluna do neurocientista Dr. Fabiano de Abreu Agrela e também divulgado como artigo científico duas vezes.
O estudo do professor apareceu na Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação e também analisa como o coronavírus age nas células neurais e o impacto prejudicial na memória dos pacientes. Entre as descobertas, está a dificuldade de memorização entre as sequelas mais relatadas por pacientes infectados pela covid-19.
O tecido nervoso é responsável por diversas funções do organismo, como coordenar as atividades de diferentes órgãos. Esse tecido é composto, principalmente, por neurônios e células da glia, um conjunto de vários tipos celulares cujas células principais são os astrócitos, oligodendrócitos, micróglias e ependimócitos.
Quando se fala em sistema nervoso, é muito comum as pessoas lembrarem apenas dos neurônios, que estão diretamente relacionados com os impulsos nervosos. Todavia, as chamadas "células da glia" (ou neuróglia) desempenham funções primordiais para a manutenção do corpo humano e merecem maior relevância no âmbito de pesquisas científicas.
Fonte: Shutterstock
“Os astrócitos são células da neuróglia que apresentam um formato estrelado devido aos seus prolongamentos. Eles desenvolvem uma grande diversidade de funções, como a sustentação, controle da composição iônica e molecular do ambiente onde estão localizados os neurônios, transferência de substâncias para os neurônios, resposta a sinais químicos, dentre outras atividades”, diz trecho da pesquisa.
Segundo o professor, em sua descoberta, esse era “um assunto que chama atenção, pois se trata de mais uma sequela que a covid-19 pode deixar na humanidade. Isso prova que é preciso mais do que nunca encontrar meios eficazes para controlar o vírus, porque a sociedade corre o risco de sofrer com problemas de memorização após superar esta doença. Essa evidência é preocupante, porque ela se soma a outros fatores que indicam a redução do desempenho neurológico e inteligência das pessoas, tais como o uso excessivo de redes sociais”, disse na época.