O campo magnético da Terra está mesmo invertendo seus polos?

30/12/2023 às 03:003 min de leitura

O ser humano atual é bastante dependente de tecnologia: diariamente utilizamos aparelhos eletrônicos, internet e energia elétrica para realizar todo tipo de atividade. E dificilmente paramos para pensar em como as coisas seriam se, do nada, tudo parasse de funcionar.

É justamente esta a preocupação de alguns cientistas que vêm acompanhando atentamente as mudanças no campo magnético da Terra. Afinal, mudanças neste campo podem impactar direta e catastroficamente muito do que hoje damos como garantido, como o funcionamento de aparelhos celulares, tablets, computadores, redes de distribuição de energia e até mesmo a internet.

Os polos do campo magnético do planeta estão realmente se invertendo?

Pesquisadores vêm acompanhando a movimentação dos polos magnéticos da Terra e descobriram que, desde 1831, quando tais medições começaram a ser feitas, o polo norte do campo magnético do nosso planeta já se movimentou bastante. De lá para cá, o polo se moveu cerca de 965 quilômetros.

Imagem ilustra a localização dos polos norte e sul geográficos e magnéticos (Fonte: GettyImages/Reprodução)Imagem ilustra a localização dos polos norte e sul geográficos e magnéticos (Fonte: GettyImages/Reprodução)

Segundo o físico Ofer Cohen, em matéria publicada no site Science Alert, nos últimos anos essa movimentação passou de cerca de 16 quilômetros para 54 quilômetros por ano. Este aumento na velocidade com que o polo norte magnético vem se movendo pode ser um indicativo de que os polos podem, sim, estar sendo invertidos, com o norte migrando para o sul e vice-versa. A medição da migração dos polos magnéticos — que não tem qualquer relação com os polos norte e sul do planeta — é feita por cientistas usando a datação do magma expelido por vulcões subaquáticos.

De acordo com Cohen, as rochas vulcânicas geradas por erupções debaixo d'água registram não apenas a orientação dos polos magnéticos, mas também a força campo magnético do planeta. Porém, apesar de todo o acompanhamento feito até agora, seria necessário coletar dados de pelos 200 anos para ter uma noção mais correta sobre uma possível inversão dos polos.

Campo magnético, o "escudo" da Terra

O movimento do núcleo da Terra, rico em metais como ferro e níquel, é responsável pela existência do campo magnético que envolve nosso planeta. Conforme os metais em forma líquida giram no núcleo, cargas elétricas são geradas e, por sua vez, geram o nosso precioso "escudo" espacial.

Campo magnético envolve e protege o planeta de ventos solares, jatos de plasma e radiação cósmica (Fonte: GettyImages/Reprodução)Campo magnético envolve e protege o planeta de ventos solares, jatos de plasma e radiação cósmica (Fonte: GettyImages/Reprodução)

Afinal, o campo magnético protege nosso planeta de radiação cósmica, como a gerada por explosões de estrelas, que se move constantemente pelo espaço. A bolha criada pelo campo também nos mantém seguros dos ventos solares e ejeções de massa coronal, jatos de plasma que, quando atingem o planeta, podem criar espetáculos como as auroras boreais mas também são bastante nocivos a astronautas e satélites.

O impacto de uma inversão dos polos magnéticos

O deslocamento dos polos magnéticos pode tornar certas áreas do campo magnético mais fortes ou mais fracas, tornando alguns locais mais seguros ou mais suscetíveis à radiação que vem do espaço. Por exemplo, se atingida, uma área mais fraca do campo magnético pode ser afetar grandes sistemas de energia, causando apagões.

E se apenas o movimento dos polos pode afetar o planeta desta forma, imagine então uma inversão completa dos polos magnéticos da Terra. Um evento desta escala poderia impactar diretamente no funcionamento de nossa tecnologia, tornando-a obsoleta. Porém, para a nossa sorte, algo como a inversão dos polos não acontece da noite para o dia.

Em caso de inversão, o polo norte magnético vai para o sul e vice-versa (Fonte: GettyImages/Reprodução)Em caso de inversão, o polo norte magnético vai para o sul e vice-versa (Fonte: GettyImages/Reprodução)

"A inversão do campo [magnético] acontece de maneira rápida do ponto de vista geológico, mas é lenta do ponto de vista dos seres humanos", explica Cohen. Segundo o físico, uma inversão dos polos pode levar "alguns milhares de anos" para ser concluída, mas durante este período a orientação do campo magnético pode tornar o planeta mais exposto à radiação cósmica.

Ou seja: embora já estejamos vendo uma aceleração no deslocamento dos polos, dificilmente nossa geração verá a inversão dos polos ocorrer. O mais provável é que vejamos alguns impactos em decorrência desta movimentação, mas é possível que estejamos seguros de um apagão digital, por exemplo.


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