Ciência
09/11/2022 às 11:00•3 min de leitura
“A solidariedade climática é alternativa a suicídio coletivo”: esse foi o alerta proferido por António Guterres, secretário-geral da ONU, no discurso da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27, realizada neste ano no Egito.
Tal ideia expressa parte da preocupação de pessoas e entidades que notam como o impacto da atividade humana tem influenciado no clima. Os lentos avanços realizados para preservar o meio ambiente já se refletem em impactos cada vez mais intensos, como pode ser percebido com a presença de fenômenos climáticos devastadores ocorrendo com maior recorrência.
A perceptiva de que tais efeitos negativos possam ser irreversíveis é o que gera tamanho alerta. Buscar atenuá-los, portanto, depende da adoção de uma série de medidas concretas por parte dos países, que estão voltando a atenção para o papel das principais economias globais, como China e Estados Unidos, nesse processo.
(Fonte: Sean Gallup/Getty Images)
Para discutir esse tema, propor mudanças e abordar o cumprimento das metas, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas é um evento realizado anualmente que busca fomentar negociações entre os países.
Há décadas as mudanças climáticas são colocadas na pauta global, que teve seu primeiro debate sobre o tema em 1972. Ao longo desse período, pôde-se perceber tanto o aumento nas emissões de gases estufa quanto as mudanças na conjuntura global.
Hoje, por exemplo, não é possível afirmar que apenas países tidos como desenvolvidos devem ser responsabilizados pelas emissões de poluentes e degradação do meio ambiente, ainda que o façam de forma mais expressiva e devam, sim, ter um papel de destaque na adoção de uma agenda sustentável.
Países emergentes, como o Brasil, também têm muito a fazer, visto que o impacto de medidas de cunho ambiental pode ser percebido globalmente, sobretudo os que ainda apresentam áreas florestais. Pensando nisso, Guterres reforçou a necessidade de que o pacto global conte com a cooperação entre países desenvolvimentos e emergentes.
(Fonte: Pexels)
A energia também é um dos assuntos de maior relevância dentro do contexto climático. O conflito entre a Rússia e a Ucrânia levanta não apenas o cenário de crise energética, que já afeta também a Europa e pode se agravar durante o inverno, mas também provoca o temor de que as dificuldades enfrentadas sirvam de pretexto para a despriorização no uso de energias limpas.
Em novembro, provavelmente o mundo atingirá a marca de oito bilhões de habitantes. E se o tema leva a pensar sobre a crise alimentar, também é correto pensar sobre o impacto da atividade da produção de alimentos para o clima.
Na COP26, realizada em 2021, na Escócia, quatorze grandes empresas do agronegócio se comprometeram a reduzir os impactos decorrentes da produção de soja e também da atividade pecuária. Neste ano, um dos destaques é a proposta destas empresas em zerar o desmatamento de suas cadeias de produção até 2025.
Considerando que 23% das emissões de gases estufa são provenientes dessa atividade, o papel desempenhado pelas grandes empresas também é crucial, não apenas para conter o avanço das fronteiras agrícolas que contribuem para o desmatamento, mas também para promover formas mais seguras de uso do solo.
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(Fonte: Unsplash)
A importância da região amazônica para o mundo faz com que, cada vez mais frequentemente, os olhos se voltem para o Brasil, levando outros países e organizações ambientais a destinar recursos para a preservação da cobertura vegetal e do meio ambiente.
Apesar dos compromissos firmados em 2021, como reduzir 50% das emissões provenientes dos gases associados ao efeito estufa até 2030, o país apresentou alta nas emissões de poluentes, sendo a maior alta observada nos últimos 19 anos.
Atualmente, o Brasil ocupa a 5ª posição no ranking de emissões de gás metano, segundo dados divulgados no Observatório do Clima. De forma geral, a COP27 pode ser útil tanto para promover a cobrança de resultados quanto para estimular de forma mais incisiva que o ambientalismo esteja presente na estratégia de crescimento das economias e empresas.
Se antes a ideia parecia distante, hoje o reflexo já pode ser percebido no Comércio Exterior, onde o ambientalismo passou a pautar parte das relações entre países, resultando em reações econômicas que exigem a adoção de medidas concretas.