Saúde/bem-estar
02/06/2022 às 09:00•3 min de leitura
Mais de 100 anos depois de seu início e também de seu término, a Primeira Guerra Mundial é um tema muito menos abordado no cotidiano. Mesmo a literatura e o cinema recorrem muito menos a este período de nossa história, ajudando a que alguns mitos sejam perpetuados.
Se somarmos essas questões ao fato de esse conflito possuir muito menos registros oficiais do que guerras mais recentes, encontramos uma boa explicação para que estes equívocos permaneçam até os dias atuais. Vamos olhá-los mais de perto e mostrar qual a verdade dos fatos? Confira.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O Lusitania foi um importante navio de passageiros britânico, que afundou em 7 de maio de 1915, depois de ser alvejado por um submarino alemão, quando estava em viagem para Nova Iorque. Foi uma tragédia que muita gente acreditou que aconteceria, já que navios de passageiros partiam dos Estados Unidos com suprimentos para a Europa.
Os militares alemães viviam de olho nesses navios, para interceptá-los. Contudo, não foi o naufrágio do Lusitania o responsável por retirar os norte-americanos da posição de neutralidade (com a qual ganhavam muito dinheiro, diga-se).
Os EUA só entraram na Primeira Guerra Mundial em abril de 1917, muito pelo receio de que o México entrasse no conflito ao lado dos alemães. Eles haviam feito uma promessa de que territórios tomados pelos EUA seriam devolvidos caso os mexicanos lutassem ao lado alemão.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Muitas fotos que temos acesso sobre o conflito, especialmente em solo britânico, mostram pessoas sorridentes, algumas com homens e mulheres posados, rindo. Porém, ao contrário do que possa parecer, a população britânica não reagiu animosamente ao conflito.
Ainda que aceitassem o fato de que o país estivesse em guerra, eles não eram entusiastas do conflito, inclusive porque sabiam dos efeitos a médio e longo prazo da participação na batalha. Historiadores creditam esse mito à divulgação do acervo de fotos do chanceler David Lloyd George, que descreveu o cenário como de um "entusiasmo selvagem".
(Fonte: Wikimedia Commons)
O senso comum por vezes perpetua a ideia de que a Primeira Guerra Mundial foi o conflito mais desagradável e arrasador já visto na história. Ainda que proporcionalmente os estragos tenham sido grandes, é impreciso afirmar que a guerra tenha sido a pior e mais devastadora.
Acontece que se tratava de uma geração de cidadãos e militares que não tinham vivenciado o terror de uma guerra de modo tão próximo. Foi especialmente a literatura, por meio de poetas e romancistas, que ajudou a eternizar esse mito. Criou-se no imaginário coletivo essa terrível imagem daquele conflito como o mais tenebroso, o que não é verdade.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Uma pesquisa mais rasa, seja de documentos ou de fotos, pode dar a impressão de que a Primeira Guerra Mundial envolveu apenas nações europeias e os Estados Unidos. Na realidade, no início do século XX, muitos países da África e da Ásia seguiam sob o controle de potências da Europa, como Reino Unido, França, Alemanha e Portugal.
Quando a guerra foi deflagrada, militares e muitos cidadãos dessas nações ocupadas foram recrutados para combaterem nos campos da Europa. Estimativas de historiadores apontam que cerca de 2 milhões de africanos tenham guerreado, sendo que pelo menos 200 mil faleceram.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Outra balela é a que afirma que o primeiro conflito de proporções mundiais resultou em poucas mortes de civis. Historiadores explicam que esse mito se perpetuou porque a vida de soldados era mais valorizada, logo, suas mortes representavam um grande abalo.
Faltam dados precisos sobre os números, mas a estimativa é que 500 mil alemães tenham morrido de fome em virtude da guerra; cerca de 1 milhão de armênios tiveram destino semelhante.
Durante a invasão alemã à Bélgica, o exército fuzilou 6.500 civis, incluindo mulheres e crianças. Nenhum lado de um conflito possui só heróis ou bandidos, mas a morte de civis é sempre a morte de inocentes.