A história da violência na política brasileira

03/10/2022 às 06:502 min de leitura

O Brasil é, historicamente, um país marcado pela violência política. Há uma longa "tradição" nacional que mostra que a política sempre caminhou aqui ao lado dos ataques violentos, apoiados pela própria classe dos governantes.

Isso remete desde os tempos da monarquia, já que a República foi proclamada a partir de um golpe civil-militar, chefiado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que era chefe do Exército brasileiro à época, e destituiu Dom Pedro II. Marechal Deodoro proclamou-se como presidente do governo provisório e ordenou que Dom Pedro II deixasse o Brasil. Mas isso não significou um apaziguamento dos ânimos nas lutas políticas brasileiras.

Um dos principais ataques violentos no país: o golpe militar

(Fonte: ADUR)(Fonte: ADUR)

Provavelmente nenhum episódio histórico foi mais importante que o golpe dado pelos militares no governo de João Goulart em 1964, ocasionando 20 anos de opressão e violência política praticada pelos novos governantes contra os cidadãos.

Nestas duas décadas, foram incontáveis casos de perseguição a pessoas que iam contra o governo ditatorial, com a promulgação de decretos (como o famoso AI-5) que restringiam as liberdades de todos os moradores do país e generalizava o uso da violência por parte da polícia militar.

Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade foi instituída pela então presidente Dilma Rousseff para investigar os casos de violações aos direitos humanos ocorridas neste período. Em 2014, o relatório da comissão concluiu que houve 191 pessoas assassinadas e 243 desaparecidas (cujos corpos nunca foram encontrados), além de cerca de 20 mil brasileiros torturados.

A nova ascensão de violência política no Brasil

(Fonte: O Globo)(Fonte: O Globo)

Há muitos outros episódios políticos na história do Brasil que envolveram intervenções da violência. Entre eles, pode-se mencionar o famoso caso do ataque ao jornalista Carlos Lacerda, que era opositor a Getúlio Vargas, em 1954. Ele chegava em casa, em Copacabana, quando viu um homem disparar uma arma que matou o militar que fazia sua segurança. Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Vargas, acabou confessando ser mandante do crime.

Mas a grande questão é que tem havido um aumento dos casos de ataques a opositores políticos, em parte motivados pelos discursos do atual presidente Bolsonaro. Segundo matéria do portal The Conversation, o presidente conta ao seu lado com o que o cientista político Charles Tilly chamou em seu livro The Politics of Collective Violence como experts em violência, ou seja, pessoas que são adeptas a armas, sejam policiais ou membros de clubes de tiro.

Segundo o antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares, que já foi secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, esta é uma das marcas deste governo. "Aqueles que poderiam ajudar a evitar essa violência estão comprometidos com ela e com o bolsonarismo. Não posso generalizar, mas sabemos que a maioria de policiais tem mais disposição de contribuir com o bolsonarismo e seus métodos do que o contrário, assim como as Forças Armadas", declarou em entrevista à Rádio França Internacional.

A socióloga Angela Alonso, que participou da elaboração do livro Conflitos: Fotografia e Violência Política no Brasil 1889-1964, resume a relação do país com a violência: “se você aprendeu na escola que este é um país pacífico e conciliador, vai desaprender. Aqui se descortina uma sociedade de faca, tiro e bomba. Não pense que se fala de um mundo à parte, o dos 'marginais'. É do coração da República que se trata”.

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