Estilo de vida
23/08/2022 às 08:58•2 min de leitura
Na entrevista concedida nesta segunda-feira ao Jornal Nacional, o presidente Jair Bolsonaro mencionou o potencial do chamado hidrogênio verde como uma fonte de energia que será explorada em um eventual segundo governo, e cuja produção poderia equivaler a "50 usinas de Itaipu".
Muita gente está desde então se perguntando sobre o que seria esse combustível. Será que ele realmente tem todo esse potencial energético e econômico sugerido pelo presidente?
(Fonte: Tratamento de Água)
Se você ainda lembra das aulas de química e biologia, deve saber que o hidrogênio é o elemento químico mais abundante do universo: ele equivale ao total de 75% da massa que compõe tudo que existe no cosmo. Já no corpo humano, ele é o elemento mais frequente em número de átomos.
Ocorre que o hidrogênio precisa ser produzido. O meio mais usado para isso é a eletrólise da água: ela é decomposta e o hidrogênio e o oxigênio são separados por meio da eletricidade. Este hidrogênio isolado é utilizado para gerar energia para combustíveis, insumo para indústrias, aquecimento de edificações, etc. Mas há um ônus: a eletrólise causa impacto ambiental. Ou seja, o processo acarreta emissão de CO2 para a atmosfera, aumentando a temperatura média global.
Por conta disso, o hidrogênio é classificado conforme a forma pela qual ele é obtido. O hidrogênio cinza é o que é gerado a partir de fontes fósseis, como o gás natural. O hidrogênio azul é também obtido por energia fóssil, mas, durante o seu processo de produção, há a captura do carbono que é gerado, evitando que ele seja emitido ao meio ambiente.
Por fim, temos o hidrogênio verde, produzido por fontes de energia limpas e renováveis, como a matriz hidrelétrica, eólica, biomassa, biogás, etc. Ao ser classificada como limpa, isso significa não haver emissão de CO2 na atmosfera.
(Fonte: Órigo Energia)
Segundo os especialistas, o Brasil tem grande potencial para produzir e exportar este hidrogênio verde, com boas possibilidades de lucro. Há quem diga que este será o "combustível do futuro".
"O potencial do Brasil já foi identificado internacionalmente. Sabemos que todos países que têm sol de dia e vento à noite serão países ricos", declarou Mônica Saraiva Panik, diretora de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Hidrogênio Verde (ABH2), durante seminário organizado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará.
Por isso, regiões quentes durante o dia com o vento à noite, como o Nordeste, seriam perfeitas para a produção desta commodity. Recentemente, foi anunciado que a Unigel, uma das maiores indústrias da América Latina no segmento de fertilizantes e amônia, pretende instalar na Bahia a maior fábrica brasileira de hidrogênio verde.
A promessa é que a fábrica comece a funcionar em 2023 e gere 10 mil toneladas anuais deste tipo de energia. Parte do hidrogênio verde será ainda convertido em amônia verde — que serve de matéria-prima para os setores siderúrgico, de fertilizantes e de refino de petróleo.
Outra expectativa em torno do hidrogênio verde é que ele gere muitos lucros para o país. Por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, a situação do comércio internacional de combustíveis está muito inflacionado. Portanto, explorar mais essa commodity parece ser uma das grandes possibilidades de geração de receita ao Brasil.
O clima do país faz com que o hidrogênio verde tenha ainda mais potencial aqui. “Temos todas as condições de produzir hidrogênio verde em condições internacionalmente competitivas”, diz Duna Uribe, diretora executiva e comercial do Complexo Industrial e Portuário Pacem, no Ceará. No entanto, ela lembra que é preciso haver uma regulação em toda cadeia produtiva deste combustível, uma vez que se trata de um gás extremamente explosivo.