Ciência
11/12/2022 às 12:00•2 min de leitura
Ao longo da história, diversas pessoas e tradições utilizaram restos humanos como principal artifício para a preparação de enfeites. Apesar de sugerir um fetiche, no mínimo, curioso, essa prática é repleta de simbolismo e chama a atenção por carregar uma identidade bem especial, sendo vinculada a povos das mais diversas crenças, especialmente quando se trata sobre a vida após a morte.
Seja em rituais ou em campanhas para preservar artefatos antigos, decorar corpos dos mortos é uma ação mais comum do que se pensa. Vista como um estímulo à criatividade, geralmente pedras preciosas e materiais valiosos de restauração são utilizados por entusiastas. Confira abaixo alguns casos de restos humanos que foram (e são) transformados em elementos decorativos:
(Fonte: Damien Hirst/Reprodução)
Colocado à venda por £ 50 milhões (cerca de R$ 283 milhões, nq cotação atual), o crânio do século XVIII foi adquirido pelo colecionador Damien Hirst e sofreu uma transformação completa para ser valorizado em todos os seus aspectos.
O comprador removeu os dentes da mandíbula e trocou os ossos por um molde de platina. No protótipo, foram inseridos 8.601 diamantes perfeitos e uma grande pedra rosa na testa, para, em seguida, os dentes serem devolvidos ao seu lugar de origem.
(Fonte: OZAN KOSE/AFP/Getty Images)
Datado de 8.000 a.C. a 9.000 a.C., o sítio de Gobekli Tepe, na Turquia, hospeda vários restos de corpos humanos, em um evento conhecido por pesquisadores como “culto à caveira”. Na região, alguns dos crânios têm marcas esculpidas em suas superfícies, incluindo sulcos e buracos profundos feitos para algum propósito desconhecido.
Supostamente, esses ossos enfeitados ocorreram como parte de um ritual, que também incluía o uso de um pigmento ocre. Estudiosos acreditam que Gobekli Tepe é o primeiro exemplo de restos humanos ornamentados da história.
(Fonte: Ben Heggelman/University hospital Mannheim)
Após ser adquirida por um comprador na Holanda, uma estátua de um monge budista da China chamou a atenção por seus segredos. Durante seu processo de restauração, foi descoberto que um esqueleto humano estava inserido dentro do artefato, de acordo com resultados de uma tomografia computadorizada.
Aparentemente, Liuquan, monge que morreu por volta de 1.100 d.C., teve seu corpo coberto por ouro e seus órgãos substituídos por um "estofado de papel" antes de virar um enfeite em formato de estatueta.
(Fonte: RaiyaniM/Wikimedia Commons)
Para celebrar a vida após a morte, moradores da ilha de Sulawesi, na Indonésia, realizam o festival Ma'nene de tempos em tempos. Durante os festejos, os participantes limpam os túmulos de seus ancestrais, levam os restos mortais ao sol, vestem os cadáveres com roupas limpas e os enchem de adornos brilhantes e de itens favoritos. Segundo as crenças locais, essa prática permite que os vivos mostrem respeito e valorização aos que partiram.
(Fonte: Paul Koudounaris/Heavenly Bodies/Reprodução)
Os santos das catacumbas eram enviados especialmente de Roma para igrejas e outras regiões da Europa. Após receber os ossos, os coletores dos artefatos os cobriam de camadas de ouro, prata e pedras preciosas, com a intenção de tratá-los como itens sagrados.
No catolicismo, essa tradição era pensada como forma de conceder milagres aos adoradores, e até hoje é aplicada em restos humanos de pessoas que tiverem relevância histórica para os praticantes da religião.
(Fonte: Zunkir/Wikimedia Commons)
Há 9.500 anos, um homem morreu na antiga Jericó e teve sua cabeça removida do corpo, com um buraco feito na parte de trás para ser preenchido com terra e tapado com argila. Em seguida, os ossos foram revestidos com gesso e modelados para se assemelhar ao dono da caveira enquanto vivo. Supostamente, esse é o caso de retrato mais antigo já registrado e está em preservação no Museu de História Natural da Inglaterra.