Saúde/bem-estar
11/01/2023 às 04:00•2 min de leitura
Quando o Terceiro Reich de Adolf Hitler desabou nos últimos dias de uma Alemanha nazista de 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial, houve uma fuga em massa de envolvidos para não serem responsabilizados, sentenciados e executados por crimes de guerra.
Em documentos secretos obtidos de arquivos históricos do Brasil e do Chile, mais de 9 mil nazistas fugiram da Alemanha, sendo que 5 mil deles encontraram refúgio na Argentina. Entre 1.500 e 2 mil pararam em solo brasileiro; entre 500 a 1 mil foram para o Chile; e outros 1 mil a 2 mil se esconderam no Paraguai e Uruguai.
Entre aqueles que fugiram para países da América do Sul estava o notório Adolf Eichmann, o tenente-coronel da SS que chefiou o sistema de transporte de milhares de judeus para os campos de concentração. Klaus Barbie, mais conhecido como o "Açougueiro de Lyon", que torturou judeus e membros da Resistência Francesa enquanto chefe da Gestapo em Lyon, na França –, foi outro que encontrou refúgio no continente americano.
Mas por que tantos nazistas fugiram para países da América do Sul?
Juan Perón. (Fonte: Infobae/Reprodução)
No caso da Argentina, o culpado foi Juan Domingo Perón. Apesar de o país ter proibido a entrada de nazistas após o fim da guerra, como muitos dos países sul-americanos fizeram, Perón se apoiou no longo flerte que teve com as ideologias fascistas de Hitler e Benito Mussolini e providenciou várias rotas de fuga para membros do partido nazista e oficiais de alto escalão da SS para deixar a Europa com segurança.
Esses caminhos de fuga ultrassecretos foram chamados de "ratlines", que ajudaram cerca de 800 criminosos de guerra a chegarem na Argentina. Perón também vendeu cerca de 10 mil passaportes em branco para uma organização criada para proteger os nazistas se eles fossem derrotados, e os asilou sob a desculpa de que precisava de suas habilidades específicas, principalmente na área militar e técnica.
Em matéria ao Daily Mail, o promotor alemão Kurt Schrimm, que veio até o Rio de Janeiro para procurar documentos no Arquivo Histórico, disse que a maioria dos nazistas que entraram na América do Sul usavam um nome falso e quase sempre estavam sozinhos. A ideia era que eles se estabelecessem primeiro e depois mandassem resgatar suas famílias.
(Fonte: Folha/Reprodução)
Os criminosos que escaparam para esses países, como a Argentina, em sua maioria, nunca pagaram por seus crimes. A “Besta”, como era conhecido o oficial da SS, Gustav Wagner, acolhido pelo governo do Brasil, deveria ter sido extraditada para a Alemanha, mas o Supremo Tribunal Federal se recusou em fazê-lo.
Demorou até 1970 para que Klaus Barbie fosse encontrado por rastreadores nazistas após ter vivido por 20 anos entre o Peru e a Bolívia. Extraditado para a França em 1983, o 'Açougueiro de Lyon' foi condenado à prisão perpétua por crimes contra a humanidade, morrendo de câncer em setembro de 1991.
Sob o nome de Ricardo Klement, o arquiteto do Holocausto, Adolf Eichmann, foi preso nas ruas de Buenos Aires em 1960 por agentes do serviço secreto israelense, condenado por crimes contra a humanidade e executado em junho de 1962.
(Fonte: Jornal Opção/Reprodução)
Muito embora nomes de peso de assassinos como esse tenham sido levados à justiça, Schrimm revela que vários conseguiram escapar sob um nome falso. Entre 1945 e 1959, documentos mostram que cerca de 20 mil alemães se estabeleceram no Brasil.
“Muitos estavam sob um nome falso e tinham um passado sombrio”, disse o promotor. O motivo de muitos países da América do Sul no pós-guerra terem abrigado esses criminosos é porque eram governados por ditaduras militares de estilo fascista.
Schrimm tem a esperança de que os documentos possam encontrar algum fugitivo vivo ainda impune, porém, cada dia que passa, isso se torna mesmo provável.
“Mas não quero que as pessoas digam no futuro que não tentamos”, observou ele.