Brasil é o país com maior número de superdotados da América do Sul

10/09/2022 às 12:004 min de leitura

Na edição de 2022 da Global Child Prodigy Initiative, que listou as 100 crianças prodígios ao redor do mundo, a brasileira Nicole de Oliveira Lima, de apenas 9 anos, entrou para o ranking por identificar 7 asteroides – atualmente investigados pela NASA – que podem colocá-la no Guiness Book como "a pessoa mais jovem a descobrir um asteroide".

No entanto, a pequena já tem no currículo conquistas consideradas além de sua idade, como um tricampeonato na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, de 2020 e 2021. Além disso, Nicole conta com 30 certificados de cursos especializados em astronomia, matéria que estuda desde os 6 anos, quando concluiu o primeiro curso de iniciação na área. A partir desse momento, ela passou a ensinar outras crianças pelas redes sociais.

Ainda que algumas pessoas possam não acreditar, o Brasil é o país com o maior número de pessoas superdotadas da América do Sul.

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Descobrindo gênios

(Fonte: Writing the Brain/Reprodução)(Fonte: Writing the Brain/Reprodução)

No ranking mundial, nosso país se encontra na 30ª posição, sendo que os Estados Unidos lideram com 52 mil pessoas com o QI elevado; seguido pelo Reino Unido, com 19 mil pessoas; e depois a Alemanha, com 16 mil.

A pesquisa feita pela Associação Mensa Brasil – uma organização cujo objetivo é identificar e promover a inteligência humana, estimular pesquisas sobre a natureza e promover um ambiente intelectual socialmente estimulante para seus associados –, determinou que 984 pessoas superinteligentes estão localizadas na cidade de São Paulo; seguida pelo Rio de Janeiro, com 229 pessoas; Distrito Federal, com 135; Paraná, com 134; e Rio Grande do Sul, com 94.

Atualmente, 2.090 pessoas integram a Mensa Brasil, um dos braços da Mensa Internacional, que reúne 150 mil membros pelo mundo todo. Em julho, a entidade brasileira completou 20 anos de existência. Para integrar a associação, é necessário que a pessoa possua um QI acima de 98% da população geral, comprovado por meio de um teste comprobatório de inteligência.

Gustavo Saldanha, de apenas 8 anos, integrou o Mensa após receber um resultado de QI de 140 durante o processo, quando ele apresentou os primeiros sinais de que era uma "criança diferente". Segundo a mãe do menino, Luciane Saldanha, em entrevista ao Correio Braziliense, assim que nasceu, ele desenvolveu uma habilidade muito peculiar para a música.

(Fonte: Mensa Org/Reprodução)(Fonte: Mensa Org/Reprodução)

Para uma apresentação de Dia das Mães em sua antiga escola, antes de ser tutorado pelo Mensa, ele conseguiu cantar e tocar mais de 50 músicas dos Beatles, sem nunca ter tido contato, sendo que precisava aprender apenas 5 delas. Na época, ele tinha somente 5 anos.

A partir desse momento, os pais perceberam como o filho era persistente quando decidia aprender algo. Em pouco tempo, ele aprendeu a tocar guitarra, baixo, violão, ukelele, bateria, teclado e outros instrumentos. A pandemia do coronavírus aprimorou a capacidade de Gustavo, que virou especialista em sistemas operacionais e passou a dominar todas as funcionalidades existentes nos aplicativos de reuniões online, do Zoom ao Google Duo. Antes do lockdown, ele não tinha quase nenhum contato com tecnologia.

Os pais do garoto decidiram ingressá-lo no Mensa para que ele pudesse estar cercado de alunos iguais, e também para que desfrutasse de um aprendizado optimizado para suas necessidades.

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As pessoas nascem superinteligentes?

(Fonte: Folha PE/Reprodução)(Fonte: Folha PE/Reprodução)

Muito embora o quociente de inteligência (QI) seja um dos estudos como medida para determinar o quão inteligente uma pessoa é, ainda é um desafio científico estudar e entender a origem da inteligência, porque ela pode ser influenciada por fatores genéticos – como a maioria dos aspectos do comportamento humano e da cognição –, e ambientais.

Pessoas mais inteligentes do que as demais seguem sendo um debate espinhoso que vai desde igualdade social a eugenia, endossando a discussão de que inteligência é algo com o qual você nasce e que nada pode influenciá-la.

Contudo, anos de pesquisa chegaram à conclusão de que a inteligência é herdada em certo grau. Robert Plomin, do King’s College London, que liderou o estudo acerca desse assunto, disse que 50% da diferença de inteligência entre as pessoas "comuns" é devido à genética.

Essa conclusão levou a anos de buscas por genes específicos de inteligência, até que fosse descoberto que cada gene associado à capacidade tem apenas um efeito minúsculo isoladamente. O efeito combinado de 500 genes identificados até agora é bastante substancial, mas os pesquisadores ainda estão muito longe de contabilizar toda a herdabilidade.

(Fonte: NewScientist/Reprodução)(Fonte: NewScientist/Reprodução)

“A genética nos dá um modelo, e ela define os limites. No entanto, é o ambiente que determina onde uma pessoa se desenvolve dentro desses limites”, disse o psicólogo Russe Warne, da Utah Valley University, em matéria à New Scientist.

Todo o potencial de inteligência pode ser afetado, por exemplo, por uma dieta menos nutritiva que, inclusive, está relacionada ao crescimento – uma característica altamente hereditária. A deficiência de iodo durante a infância está associada a um QI mais baixo, e abrir esse debate ajudou os países em desenvolvimento a aumentarem as habilidades cognitivas.

A inteligência encontra influências fortes do ambiente em que a pessoa está inserida quando criança, atravessando aspectos domésticos, parentalidade, educação, disponibilidade de recursos de aprendizagem e saúde.

Ou seja, os genes são importantes, mas não determinam tudo, tampouco o destino.

O outro lado da moeda

(Fonte: Benefits Canada/Reprodução)(Fonte: Benefits Canada/Reprodução)

Do outro lado da moeda que oferece oportunidades melhores, vantagens e uma vida com maiores estimativas, a superdotação também pode ser um fardo psicológico. Um estudo liderado por Ruth Karpinski, do Pitzer College, que entrevistou mais de 3.700 membros do Mensa Internacional, descobriu que transtornos de humor e de ansiedade são extremamente comuns entre os superinteligentes.

Entre a população geral, cerca de 10% das pessoas possuem transtornos de humor e ansiedade, com algum grau de sobreposição entre os dois. Já no Mensa, esse percentual se mostrou muito maior, visto que cerca de 20% dos entrevistados relataram ter sido diagnosticados com transtorno de ansiedade e quase 27% com um transtorno de humor, como depressão maior ou transtorno bipolar.

A pesquisadora acredita que o motivo tenha a ver com a superexcitabilidade psicológica, que inclui uma maior tendência a preocupação em excesso, característica diretamente associada ao humor e ansiedade. Uma pessoa muito inteligente tende a superanalisar um comentário crítico, tentando antecipar as possíveis consequências que isso pode prever.

O estudo de Karpinski serviu também para traçar a possibilidade de que os genes associados à inteligência possam tornar uma pessoa mais propensa a desenvolver doenças mentais, embora a inteligência em si não aumente o risco. O mundo nichado de um superdotado pode aumentar a tendência para o isolamento social, levando a caminhos que encontram a depressão e ansiedade.

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