Rotor: a atração perigosa que desafiava a gravidade

04/08/2022 às 12:322 min de leitura

O início do século XX foi marcado pela proliferação dos parques de diversões, que ganharam a atenção do público nos Estados Unidos e dos países da Europa, por exemplo, devido às feiras e festivais locais, até mesmo os que reuniam os freak shows, pois era considerado o entretenimento familiar mais lucrativo daquela época.

Isso mudou com a Segunda Guerra Mundial, quando todo o tipo de negócio encurtou ou parou pelo mundo inteiro, e também com a Grande Depressão, que fez sua parte em derrubar o que havia sobrado da guerra. Demorou até a aberturada da Disney World, em 1955, para que o gênero de parques temáticos não só fosse redefinido, como revolucionado.

Esse novo modelo impulsionou o mercado de criação de atrações, fazendo empresas e inventores serem cada vez mais ousados para chamar a atenção dos visitantes em parques que não tinham o apelo visual como a Disney. Como consequência, muitos brinquedos considerados perigosos foram criados, um deles sendo o Rotor.

Sem gravidade e segurança

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Também chamado Buraco do Diabo, a atração foi inventada pelo cientista alemão Ernst Hoffmeister e financiada pelo empresário Carl Friese, na Alemanha Ocidental de 1949 durante a famosa Oktoberfest, antes de se tornar uma sensação nas feiras da América do Norte e na Europa durante a década de 1950 e 1960.

A falta de gravidade provocada pelo Rotor foi um dos fatores que cativou tanto os visitantes. Em 1950, essa força física ainda considerada "misteriosa" causou o mesmo efeito que a energia nuclear na mente das pessoas, atraindo-as com extrema curiosidade, ignorando qualquer possível perigo.

O equipamento era composto por um grande tambor cilíndrico, como de uma máquina de lavar, que possuía estágios iguais uma arquibancada, onde as pessoas se posicionavam em pé encostadas na parede. A rotação do barril criava um efeito centrífugo gradual e, uma vez que atingia a velocidade máxima, o piso era retraído, deixando os visitantes flutuando, grudados pela gravidade e força física à parede da atração. Não havia cinto de segurança e nem nada que os mantivessem no lugar.

(Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

Durante o ciclo, muitas pessoas escorregavam de sua posição inicial, indo parar em cima das outras. Mas essa era considerada a graça da atração, enquanto a parte não muito legal era a dificuldade horrível para respirar devido à força de centrifugação, que até deixou alguns inconscientes; e o mal-estar que fazia a maioria colocar sua última refeição para fora no meio de todo mundo.

Devido à popularidade do Rotor, foi criada uma área de visualização para visitantes, onde geralmente muitos homens se agrupavam com a esperança de ver algumas saias esvoaçando durante o funcionamento da atração.

O problema

(Fonte: Messy Nessy Chic/Reprodução)(Fonte: Messy Nessy Chic/Reprodução)

Por muitos anos, o Rotor foi a principal atração de muitos parques pelos EUA, exatamente por desafiar o poder gravitacional, chamando mais atenção até do que as montanhas-russas. Foi no final da década de 1970, que ele começou a sair da cena devido ao excesso de enjoo, falta de ar e tontura que causava nos visitantes.

De repente, andar no Rotor havia se tornado um problema, e não demorou muito para isso evoluísse para um estado pior. Em 1995, a atração de um parque em Coney Island se envolveu em um acidente que marcou seu fim, quando as barras de metal que seguravam o cano centração da atração se partiram, arremessando visitantes pelo ar e mutilando a perna de uma mulher. Treze pessoas ficaram feridas.

Ainda que a primeira versão do Rotor tenha sido desmontada, ainda existem aparelhos similares, só que muito mais seguros, como o Gravitron ou Starship, espalhados por vários parques de diversões, da Flórida às Bahamas. Estima-se que existam mais de 40 modelos do equipamento viajam por parques itinerantes pelo mundo.

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