Maquiadora afegã foi obrigada a se esconder do Talibã

14/09/2021 às 11:002 min de leitura

Uma maquiadora afegã, identificada como Afsoon (nome fictício), deu detalhes sobre a retomada de poder pelo Talibã no país em 15 de agosto, após quase 20 anos de sua expulsão pelos Estados Unidos. A jovem, nascida em meados da década de 1990, viu sua vida sofrer uma reviravolta e agora teme pela indústria da moda e arte no país, sendo obrigada a se esconder devido ao medo e à insegurança.

Em entrevista à BBC, Afsoon conta que cresceu em um Afeganistão livre, pouco depois dos grupos talibãs serem expulsos da capital Cabul em 2001, dias após os ataques do 11 de setembro. Na época, os salões de beleza estavam em alta, e ela passou a amar conhecer essa indústria, folheando jornais e revistas repletos de cores e visuais inimagináveis. Porém, foram os detalhes que mais a atingiram, e observar os conjuntos de maquiagens e a forma como eles embelezavam as mulheres logo deu início a um sonho.

(Fonte: Getty Images / Reprodução)(Fonte: Getty Images / Reprodução)

Em pouco tempo, centenas de salões de beleza foram abertos pelo Afeganistão, e um deles foi o negócio de Afsoon, que se destacou por apresentar, na parte externa, pôsteres de mulheres elegantes e glamorosas, como uma estratégia para atrair clientes que desejassem ficar tão bonitas quanto as mulheres das fotos. Assim, jornalistas, cantoras, estrelas de TV, noivas, adolescentes e todos os públicos passaram a frequentar o estabelecimento, utilizando o local para conversar despreocupadas e "relaxar em um lugar longe dos homens".

Takaan khordum: o choque

Foi então que, por volta das 10h de 15 de agosto deste ano, Afsoon descobriu, por meio de colegas e redes sociais, que o Talibã retomou o poder no país e todas as tropas ocidentais e seus diplomatas haviam deixado o Afeganistão. Assim, sua vida sofreu o chamado takaan khordum, expressão utilizada para um evento que abala alguém profundamente, com perspectiva de transformação sem precedentes.

"As mulheres na indústria da beleza, especialmente pessoas como eu, que eram visíveis e públicas com nosso trabalho, são os alvos", disse a jovem. "Eles não aprovariam de nenhuma maneira ver rostos descobertos ou pescoços de mulheres expostos. Eles sempre foram muito claros em sua crença de que uma mulher não deve atrair a atenção. É o fim da indústria da beleza no Afeganistão".

(Fonte: Getty Images / Reprodução)(Fonte: Getty Images / Reprodução)

Sem proposta para trabalhar fora de sua terra natal, Afsoon viu seu salão ser fechado, e as belas telas exteriores pintadas para evitar atenção do Talibã. Escondida, sem remuneração e com um futuro sem perspectivas, a mulher se comunica diariamente com amigas do ramo por meio de um bate-papo em grupo, mas segue em estado de choque.

"Permanecer viva é a única coisa em que consigo pensar. Não tenho medo de morrer — mas não quero ficar assim, apavorada e sem esperança", diz ela. "A cada segundo, sinto que o Talibã virá atrás de mim".

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