Ciência
22/05/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 22/05/2024 às 08:00
Pessoas que viajavam pelo mar entre a Noruega e a Islândia, no século XIII, supostamente se depararam com um animal gigantesco, capaz de destruir navios e matar quem estivesse a bordo. Os avistamentos da criatura assustadora teriam continuado ao longo dos séculos seguintes, dando origem à lenda do Kraken.
Segundo o folclore escandinavo, trata-se de um monstro que aterrorizava os marinheiros, pescadores e exploradores. Ele tinha o poder de esmagar embarcações de diferentes tamanhos e capturar qualquer tipo de presa, incluindo humanos, usando um vórtice de sucção tão poderoso do qual ninguém conseguia escapar.
Descrições do ser mitológico são encontradas em vários diários e livros. O padre italiano Francesco Negri comentou sobre ele após uma expedição pela Escandinávia, no século XVIII, afirmando que a besta se parecia com um peixe de vários braços e chifres, diferenciando-a da serpente marinha, outra lenda local.
Já o missionário Hans Egede o comparou a uma Hafgufa, monstro marinho das sagas nórdicas, enquanto o historiador dinamarquês Erik Pontoppidan o descreveu de outra maneira. De acordo com ele, o Kraken era redondo, plano, cheio de braços e tinha mais de 2 km de diâmetro, além de apresentar um “cheiro forte e peculiar”.
Inúmeros outros relatos também sugerem que o monstro tinha várias cabeças e garras, muitas vezes se mostrando maior que os navios. Mas será que a lenda do Kraken tem algo de real? Para alguns pesquisadores, sim, porém os antigos marinheiros viam polvos e lulas gigantes e não uma criatura sobrenatural.
Como destaca o All That’s Interesting, determinadas espécies de lulas podem atingir tamanhos enormes, com seus tentáculos e braços, se aproximando das descrições feitas por quem avistou o animal mitológico. Encontrar um desses gigantes durante a navegação naquela época, sob certas condições, poderia ser uma experiência ruim.
Já para o especialista em moluscos do Museu de História Natural de Londres, Jon Ablett, alguns dos avistamentos que deram origem à lenda podem ter sido de restos de polvos e lulas gigantes parcialmente digeridos que se misturavam, ficando ainda maiores e com formas estranhas. Isso dificultava a identificação pelos navegantes.
Há outras teorias sobre o surgimento do monstro da mitologia escandinava, como a que afirma que ele não passava de imaginação dos navegadores. Conforme especialistas, o longo isolamento enfrentado pelos primeiros exploradores dos oceanos poderia resultar em efeitos psicológicos.
Suspeita-se que eles tinham mais medo da possibilidade de existir uma criatura gigante com capacidade de afundar a embarcação do que do monstro propriamente dito. A imagem assustadora teria sido criada a partir de encontros anteriores com lulas.