Ciência
01/04/2022 às 10:00•5 min de leitura
A monarquia britânica é antiga. Sim, mais antiga que a Rainha Elizabeth II. Piadas à parte, a história do universo da realeza britânica se inicia no Reino de Wessex, no distante século IX. Só viriam a ser compreendidos pela história como "eras" a partir de 1485, quando passaram a receber o nome do monarca ou grupo de monarcas que ocuparam o trono.
Mas nada disso existiria se, em 1215, não houvesse sido publicada a Carta Magna, o primeiro texto constitucional do Ocidente. Foi ela que lançou a pedra fundamental do que viria a ser o Parlamento inglês, originalmente chamado de "Grande Conselho". E sem ela, bem, talvez não tivéssemos vivido o primeiro período importante da realeza britânica, a Era Tudor.
(Fonte: Getty Images)
O ano de 1485 marca a chegada dos Tudor ao reino inglês. Henrique VII foi quem deu início à linhagem que permaneceria mais de 70 anos à frente da monarquia.
A Era Tudor foi marcada sobretudo pela agitação religiosa causada pelo movimento da Reforma - que se estendeu da Alemanha para outros países, como a Inglaterra. Quando o papa se recusou a anular o casamento entre Henrique VIII e Catarina de Aragão, o rei resolveu romper com a Igreja Católica e criar sua própria igreja, da qual ele seria o chefe. Nascia aí a Igreja Anglicana - que, além de permitir que Henrique VIII se casasse com Ana Bolena, também abria espaço ao protestantismo na Inglaterra.
No entanto, os Tudor também nutriam muita intriga e discórdia entre si. A família de Henrique VIII se dividia entre um braço protestante, liderado por sua filha Elizabeth, e um braço católico, liderado pela sua família Mary. O único filho homem do rei morreu muito jovem e, como isso, 3 mulheres disputaram a sucessão do trono: Lady Jane Gray, Mary I e Elizabeth I.
Jane assumiu o trono, mas foi deposta depois de 9 dias, e acabou sendo executada por sua irmã Mary I, que então virou rainha. Mas Mary morreu 5 anos depois, após um governo impopular (ela ficou conhecida como Bloody Mary — sim, há um drinque que a homenageia). O longo reinado só veio para Elizabeth I, que comandou um período de grandes realizações ao país: derrotou a invencível Armada da Espanha, expandiu o Império Britânico e anexou a Escócia.
As artes também se renovaram e floresceram neste período, dando espaço ao que se chamou de Renascimento inglês. A impressão de livros aumentou muito, assim como a circulação de jornais.
(Fonte: Aventuras na História)
Elizabeth I teve um caminho difícil até o trono: sua mãe, Ana Bolena, foi executada quando era pequena e ela foi declarada como filha ilegítima do seu pai. Mas Elizabeth acaba assumindo a coroa como herdeira de Henrique VIII - e se tornou tão importante que simboliza, sozinha, uma era própria.
A rainha Elizabeth I é vista como uma personagem complexa da história: ela nunca se casou, nem teve filhos, mas teve vários amantes. Além disso, sua grande rival era sua prima Maria da Escócia, que estava de olho na coroa inglesa e desenvolveu uma conspiração para destroná-la.
Mesmo com os conflitos, o período do reinado da rainha Elizabeth I é marcado por grandes feitos. Ela conseguiu proteger a Inglaterra contra uma invasão espanhola e abriu a mente do seu país para novas possibilidades, como as navegações em direção ao Novo Mundo: a América.
Como o país estava estável, esta foi uma época em que grandes inovações em vários campos - como na ciência, na arte, na música e na literatura - puderam florescer. Na era elisabetana, a Inglaterra construiu seu primeiro teatro, em 1576. Vale lembrar que esta também é a era em que William Shakespeare viveu - e o resto é história.
(Fonte: Fala Universidades)
Os Stuart já haviam governado a Escócia quando Jaime I assumiu o poder na Inglaterra, em um reinado marcado por muitos confrontos e guerras. O fanatismo religioso também foi uma marca deste período, em que as conspirações contra o governo eram frequentes.
Jaime I foi sucedido por Carlos I, que viu a eclosão de uma guerra civil — e o rei acabou executado por traição em 1649. No resto desse período, a Inglaterra viveu um longo período de problemas que pareciam nunca acabar: enfrentou a Grande Peste, que matou 15% da população de Londres; a cidade ainda foi devastada por um grande incêndio que destruiu a Catedral de Saint Paul e mais de 13 mil casas; a agitação religiosa parecia mais forte do que nunca.
Mesmo com tanta turbulência, a era Stuart também teve partes positivas, como os avanços na ciência, na arte e na arquitetura. Foi nessa época em que Isaac Newton descobriu a gravidade, a cor e a velocidade do som, e Edmond Halley calculou as órbitas dos cometas.
(Fonte: Stringfixer)
A Era Georgiana designa um período da história que compreende os reinados dos primeiros reis da Casa de Hanôver do Reino da Grã-Bretanha: Jorge I, Jorge II, Jorge III e Jorge IV. É considerada o ponto mais baixo da reputação da monarquia, pois os reis eram pouco carismáticos e estavam envolvidos em vários escândalos.
Mas como tudo sempre tem dois lados, esta era também é considerada uma das mais progressistas. Só para se ter uma ideia das conquistas: foi nessa época que se iniciou a Revolução Industrial; o rei Jorge I ajudou a desenvolver a figura do primeiro-ministro, a quem o monarca delegava certas funções; um primeiro cidadão negro pode votar; o Reino Unido foi formado em 1801, juntando Grã-Bretanha e Irlanda. Houve também um aumento da consciência social em relação ao tráfico de escravos e períodos de grande crescimento econômico.
(Fonte: Aventuras na História)
Como o próprio nome sugere, a Era Vitoriana envolve o reinado da Rainha Vitória, e é visto como um período de grandes contradições, mas também de muitas transformações na Inglaterra.
Por um lado, havia um aumento das riquezas decorrente dos avanços industriais; por outro, uma grande camada da população seguia extremamente pobre e passava fome. Os salários aumentaram, assim como as más condições de trabalho a que homens, mulheres e até crianças estavam submetidos.
Neste sentido, a Era Vitoriana tomou como meta a reforma social e a filantropia. Várias instituições de caridade foram criadas neste períodos, além de leis que protegessem trabalhadores infantis, garantissem educação gratuita e o acesso à saúde pública.
A Era Vitoriana assiste também à consolidação da Grã-Bretanha enquanto uma potência global. Por isso, é uma época em que os exércitos se fortalecem. É também uma etapa de avanços científicos, como a criação da anestesia, do anti-séptico e do uso de impressões digitais em investigações. Além disso, foi neste período em que Charles Darwin desenvolveu sua teoria sobre a origem das espécies.
(Fonte: Stringfixer)
A breve Era Eduardiana compreende o reinado de Eduardo VII que, apesar das baixas expectativas (pois o rei era um verdadeiro playboy), foi até que bem sucedido. Eduardo conseguiu restabelecer o respeito e a popularidade da monarquia após a morte de sua mãe, a Rainha Vitória.
O período deu continuidade às reformas políticas da Era Vitoriana, ao mesmo tempo que as demandas populares só aumentavam. É nesta época em que as mulheres começaram a pedir pelo sufrágio universal, ou seja, o direito ao voto. Também foi durante este período que se introduziu na Inglaterra o salário mínimo, as aposentadorias por velhice, a merenda escolar gratuita, a Lei do Seguro Nacional, dentre outros direitos.
(Fonte: Aventuras na História)
Por fim, chegamos à era atual na Inglaterra, iniciada em Jorge V, sucessor de Eduardo VII. Ele escolheu o nome Windsor para se distanciar de sua ascendência alemã.
A Era Windsor começa com a Primeira Guerra Mundial, em que a Inglaterra sai vencedora, mas paga alguns preços. Os anos que a sucedem são de recessão econômica, desemprego em massa e greves constantes.
A guerra, inclusive, estimulou o avanço de ideias políticas, e o sufrágio feminino é finalmente conquistado. Em 1924, o Partido Trabalhista forma seu primeiro governo, e uma mulher se tornaria primeira-ministra pela primeira vez em 1979.
Quando Eduardo VIII abdica da coroa para se casar com sua amante, em 1936, seu irmão Albert assume o poder e se torna Jorge VI. Elizabeth II sucede sem pai em 1952, quando tinha 25 anos. Ela segue no poder até hoje - é a monarca com reinado mais longo na Grã-Bretanha.